"SOPA DA PIPA"...
Alegre "disponível" para avançar - DN, 16 Janeiro 2010
Belém. Ex-candidato surpreende com anúncio, num jantar com apoiantes em Portimão. PS reage hoje
Às vezes os políticos - alguns políticos - resolvem contrariar aquela que parece ser a tendência inata dos portugueses de deixarem tudo para a última hora e surpreendem-nos com a extemporaneidade das suas decisões.
Numa altura em que ainda degustamos o "manjar algarvio", não é que já se perfila na fileira alimentar a "sopa de Coimbra"?
Desgraçadamente e apesar da fervura ainda só agora começar a levantar, tudo indica que se trate apenas de mais uma daquelas sopas pobres e pouco elaboradas - algo entre a "lavadura" usada nas suiniculturas de dimensão familiar que nos costumam sugerir naqueles restaurantes menos exigentes e a sopa instantânea (do pacote ao prato passando pelo micro ondas) que se compra no supermercado. Nessas alturas, quando o empregado começa a descrever a infusão, costumo atalhar simplesmente: - deixe estar, já vi que é "sopa da pipa" (*) portanto, passo.
Também aqui e pelos odores que a fervura começa a libertar se adivinha que, vai ser mais do mesmo: "Sopa da pipa" sem valor acrescentado, sem grandes apelos ao palato que possam induzir nos portugueses uma adesão entusiástica ou fora do comum em 2011...
É pois perfeitamente natural, que tal como acontece no restaurante, também nessa altura eles se limitam a dizer "sopa da pipa não, obrigado..."
(*) Uma sugestão (entre muitas possíveis): Água q.b. (pode ser da mesma que Sócrates costuma meter na governação do País), um nabo com rama (das estufas de Coimbra), uma couve roxa (da horta do Ti Jerónimo), uma pitada de essência MRPP e por último - não necessariamente por esta ordem - uma laranja amarga de Boliqueime (depois de macerada) para dar à mistela um toque agridoce. Temperar com sal a gosto e finalmente, ingerir em colheradas pausadas, poeticamente, usando a imaginação - como se do mais sofisticado consomé se tratasse...