JORNALISMO COSCUVILHEIRO E GOVERNAÇÃO DE MESA DE CAFÉ...
José Leite Pereira - Director do JN - defendeu-se ontem na audição na Comissão de Ética da AR, do acto censório por si imposto às crónicas de Mário Crespo.
Entre desculpas esfarrapadas do género "pior a emenda que o soneto" - o homem até ia munido de registos das suas conversas telefónicas para "provar" que tinha falado com o Jornalista antes da edição do Jornal estar fechada - lá foi tentando aplicar a si próprio o princípio da "mulher de César"... Na melhor das hipóteses, ficou-se pela metade!
Curiosa - no mínimo - esta preocupação de Leite Pereira com os "álibis"...
Depois, lá foi dizendo que o JN não podia publicar o artigo de Mário Crespo, "por se tratar de uma quase notícia e não um artigo de opinião" e que o JN "não pode dar cobertura a este tipo de jornalismo coscuvilheiro".
A contragosto e depois de muito instado por alguns Deputados, admitiu que o JN já foi pressionado - nos tempos da anterior Administração controlada pelo grupo Lusomundo - por Henrique Granadeiro que "queria ser sempre informado sobre notícias que referissem a PT, antes das mesmas serem publicadas".
"Mas agora não! Com o grupo Controlinvest e o Snr. Joaquim Oliveira (o empresário amigo), não existe qualquer tipo de pressões!"
Pois...
É com depoimentos como este, que o prestígio do JN vai renascer das cinzas!
Mas já agora e se mal pergunto, ser um bom Jornalista não é também, entre muitas outras qualidades (ou defeitos?) ser um "coscuvilheiro inveterado"?
Não fossem os Jornalistas americanos uns "coscuvilheiros" e todo o mundo continuaria ainda a ver Bill Clinton como um modelo de fidelidade conjugal e a acreditar que Monica Lewinsky ao ser encontrada de joelhos "aos pés do Presidente" estava apenas e tão só a "apertar-lhe os cordões dos sapatos"...
Não fossem os Jornalistas do Jornal O SOL tão "coscuvilheiros" na procura da verdade escondida nas escutas do Processo "face oculta" e os portugueses continuariam a acreditar ainda na independência do Presidente do Supremo Tribunal e do PGR, face ao Poder Executivo...
Não fossem os próprios portugueses também, uns "coscuvilheiros inveterados" e todos continuaríamos ainda a acreditar na inocência de José Sócrates relativamente às várias acusações (graves) que lhe são feitas.
Só que (infelizmente) os portugueses são também - para o bem e para o mal - um Povo de brandos costumes e por isso, é que é mais que previsível que ainda não é desta que o "Pântano" vai ser descontaminado!