"CENSURAS" E ÓPERAS BUFAS...
É no mínimo lamentável esta espécie de ópera bufa a que vimos assistindo na AR em torno da "censura ao governo" constantemente anunciada por quase todos - todos aqueles que se dizem estar do outro lado da barricada(?) obviamente...
Uns, vão gritando desde há muito como autómatos "vou-te censurar, vou-te bater, vou-te derrubar", mas quando olhamos para a coreografia, para o que fazem, para os passos concretos que dão, a única coisa que nos ocorre dizer sobre o seu comportamento, é que talvez sofram de sonambulismo e se encontrem a meio de um longo sono, pois inegavelmente, nem o gesto nem a acção batem certo com a "banda sonora". Se assim for, o melhor é não lhes ligarmos - dizem que que não é bom acordarmos um sonâmbulo...
Outros, parecem ter de facto alguma vontade de partir para os "finalmente", mas demasiado taticistas (ou receosos de não estarem à altura dos acontecimentos, vão-se empanturrando de anabolizantes, vão-se dopando às escondidas, olhando constantemente para as sondagens, que são uma espécie de espelho mágico imaginário a quem perguntam de forma repetida e deprimente "espelho meu, espelho meu, diz-me se há alguém mais forte do que eu" à espera de verem crescer um músculo que tarda em aparecer - como se a supremacia em política se pudesse medir em massa muscular e não em massa cinzenta!
E é neste deprimente espectáculo, de pobre enredo e medíocres actores em que nos tentam enredar e onde até a música de fundo é uma espécie de "canção de embalar" soporífera entoada por "aquele" estranho solista a quem o nariz cresce uns centímetros de cada vez que vai à Assembleia da República anunciar alguma medida ou fazer alguma promessa, que teremos de resistir, bebendo tanto café quanto consigamos beber - antes da subida do preço do mesmo que já se anuncia - na certeza porém de que se não conseguirmos manter-nos despertos, o mais certo é que no fim do triste espectáculo, acordemos com os bolsos virados do avesso e a falar alemão (ou francês), sendo que um indigente é sempre um indigente, fale a língua que falar e bolsos vazios são sempre bolsos vazios, sejam os de umas calças de marca ou de um simples fato-macaco...