A RELATIVIDADE DAS COISAS...
Convencionou-se desde há muito - vá-se lá saber porquê... - considerar a chuva como uma espécie de sinónimo de MAU TEMPO.
Ora, mau é um epíteto demasiado penalizador para o relativo incómodo que nos possa causar (a nós seres humanos obviamente , que aos outros o problema nem se coloca...) a queda de tão precioso elemento.
Também é certo, que por vezes as más companhias, desencaminham os melhores e a benéfica, a útil - e porque não agradável? - CHUVA, quando nos surge misturada com elementos perniciosos como vento forte, granizo, trovoadas e frio - esses sim, quase sempre um verdadeiro incómodo - acaba por arcar com parte das culpas que em rigor, apenas àqueles caberiam...
Vou por isso, abstrair-me das influências maléficas daqueles, e centrar-me apenas e só, na BELEZA, na MAGIA, no PRAZER de uma agradável (quando voluntária, como devem ser todos os prazeres) caminhada à chuva.
Com ela, ou por via dela, os teus cabelos - e apesar de respeitáveis opiniões contrárias - ficam mais bonitos. Como pode alguém afirmar com suficiente consistência, que APENAS os cabelos soltos ao vento, são sinónimo de beleza?
O teu rosto, onde uma pintura discreta até que fica bem, fica igualmente belo, quando banhado pelas carícias molhadas da chuva, se vê temporariamente privado de tal complemento.
O teu corpo, onde às vezes o papel principal cabe aos adereços - a melhor ou pior qualidade daquilo que vestes - assume nesta circunstância , um destaque que quase nunca lhe dás: o relativo esforço - e a inegável despesa - que fazes para o esconder, graças ao efeito maroto da bendita chuva, deixam de surtir efeito e as mais elaboradas peças de vestuário, transformam-se num ápice, num quase anatómico invólucro, que pouco esconde ou quase tudo deixa adivinhar!
Por isso, quando me dizem: " vamos ter mau tempo ", pergunto sempre: "mesmo MAU TEMPO, ou apenas CHUVA?"