Ficaram esclarecidas hoje (na Reunião Pública de Câmara) algumas dúvidas (que eu tinha) acerca do futuro funcionamento do nosso Executivo. A saber:
Os eleitos da "Coragem de Mudar" foram (de facto) nesta Reunião - e sê-lo-ão seguramente no futuro também - uma mais valia (aqui eu não tinha dúvidas...). Pela sua intervenção crítica mas construtiva, pelo escrutínio minucioso à forma como os assuntos da Ordem do Dia são levados à reunião por parte da maioria que apoia o Dr. Fernando Melo. E foram detectadas várias incorrecções, vários vícios de forma, inúmeros casos em que o próprio Presidente demonstrou não conhecer (e pelos vistos também os Serviços que o apoiam) as próprias competências delegadas.
O Dr. Pedro Panzina sobretudo, mas também o Engº. João Ruas, pelas questões oportunas colocadas, pela forma incisiva e direccionada dos seu reparos, pelo conhecimento detalhado das Leis e pela sua atenção aos desvios no cumprimento das mesmas ali detectados, demonstraram que não estão na Câmara nem como muletas de ninguém nem tampouco como "homens bomba" ao serviço de uma qualquer "causa maior" que não a do Povo de Valongo.
Pelos vistos - e isso ficou claro hoje - os eleitos do Partido Socialista estão ali imbuídos dessa dupla personalidade: Não detectaram (ou fingiram que não detectaram) nenhum dos erros atrás referidos - alguns até bem grosseiros e admitidos pelo próprio Dr. Fernando Melo que aliás deu - "em directo" como é seu hábito - instruções aos Serviços para que fossem corrigidos. Limitaram-se a fazer "chicana" política às voltas ainda com a "azia" resultante da Candidatura Independente da Drª. Maria José Azevedo. Por outro lado, deixaram claro que aquilo que se passou há dias, em que alegadas propostas que iriam apresentar à reunião de Câmara (e alegadas, porque pelos vistos ficaram-se por aí...) - foram primeiro anunciadas nos Órgãos de comunicação.
Perante uma crítica directa que lhes foi feita, reiteraram que essa vai ser a sua prática futura, "porque não aceitam a lei da rolha" (!). Teremos portanto uma nova "forma de estar" dos eleitos do PS na nossa Câmara: Passarão a anunciar as suas futuras propostas através dos Jornais da preferência do PS (JN, DN, por exemplo) talvez até, embora sob a forma de entrevista, pagos como "publicidade institucional", antes de as mesmas serem apresentadas aos seus pares!
Depois, ficou também claro quem é que faz ziguezagues e não tem uma estratégia responsável como Vereadores eleitos, verdadeiramente voltada para os interesses dos Valonguenses: Contra o que fizeram constar, afinal os Vereadores do PS votaram favoravelmente em conjunto com os restantes Vereadores, o adiamento da discussão do Regulamento Camarário sobre Taxas para Julho - porque entretanto o governo vai publicar Legislação específica (até Abril, segundo parece). Acontece que isso "prejudicava" a sua necessidade de uma agenda própria que lhes permitisse serem eles a empunhar a "bandeira" de acabar com a taxa das Rampas e vai daí, repescaram essa "alínea" do resto do Regulamento, para fingirem que tinham sido eles a chegar em primeiro lugar.
Este evidente oportunismo, esta falta de escrúpulos em dar o dito pelo não dito no acordo de consenso atrás referido, só para "marcar o território" foi desmontada pelo Dr. Pedro Panzina, mais palavra menos palavra, da seguinte forma: "toda a gente sabe que a Coragem de Mudar defende desde sempre - e até o registou em Notário - a abolição da taxa de Rampas, pelo que votará no momento acordado por todos, pela sua abolição, independentemente da proposta que consiga entrar em primeiro lugar ser a sua ou de outro Grupo".
E pronto, foi uma reunião em que fiquei a perceber melhor porque é que a nível Nacional o PS está tão mal cotado.
Ficou também claro (para mim) que o Dr. Fernando Melo já não delibera, não organiza, não define estratégia: Fazem-no outros por ele e isso viu-se no decurso da reunião. Mas também se viu, que os "outros" precisam (ainda) da "sombra tutelar" do Chefe para avalizar as suas decisões e servir de "interface" com os homens de negócios que proliferem na periferia cada vez mais próxima dos centros de decisão da Câmara.
Post-Scriptum: Lá consegui apresentar (no ponto destinado às intervenções do Público) a minha proposta para alterar a "lei da rolha" em que se traduz o Artº. 6º. do Regimento:
Devem ser possíveis intervenções do Público a partir de inscrições feitas nas próprias Reuniões e não como está actualmente estabelecido. Lá recebi do Presidente a garantia de que vai ser constituído um grupo de trabalho para a revisão do referido Regimento e que a minha proposta irá ser tida em conta. A ver vamos...