VALONGO EXCÊNTRICO - A BOUTIQUE DOS RELÓGIOS...
Acabei de receber - passados quase dois meses sobre a data da apresentação do Requerimento - esta esclarecedora resposta sobre o 'problema' Vítor Sá - sim porque embora (ainda) com umas pequenas 'aspas', é de um 'problema' que se trata:
De repente e da forma mais improvável que se possa imaginar, acabei de perceber o real significado daquela resposta evasiva dos políticos quando os questionam sobre notícias mais ou menos 'cabeludas':
"Por enquanto, tenho apenas conhecimento oficioso, mas oficialmente, não sei nada sobre o assunto".
Sócrates era mestre nesta arte da fuga que pelos vistos fez escola e tem inúmeros seguidores: João Paulo Baltazar parece ser um deles ao optar por esta mesma estratégia.
Claro que ele leu nos jornais as notícias sobre a condenação por corrupção passiva em primeira instância do arquitecto Vítor Sá.
Claro que ele seguiu de perto todas as diligências do julgamento e até ouviu as explicações atamancadas e patéticas dadas por Fernando Melo numa reunião de Câmara, em resposta a uma pergunta dos vereadores da Coragem de Mudar, decorria ainda o processo de julgamento:
"Está a correr muito bem, eu fui ouvido como testemunha abonatória do senhor arquitecto e estamos convencidos que vai ser absolvido de tudo".
Claro que na altura em que assumiu as funções de presidente, João Paulo Baltazar estava portanto na posse de toda a informação sobre a referida condenação - a nível oficioso, ficamos agora a saber, o que (para ele) fará toda a diferença - e apesar disso, não teve pejo em lhe delegar de novo todas as competências que detinha do tempo de Fernando Melo.
Claro que o conceito de dignidade é suficientemente amplo para acolher o 'supremo sacrifício' do arquitecto Vítor Sá em aceitar mais uma vez essas competências sem sequer - por razões óbvias - colocar ao presidente a hipótese de, para sua própria salvaguarda, repensar tal delegação.
Claro que os munícipes quando se dirigirem ao Departamento de Urbanismo com problemas mais complicados para resolver, antes de saírem de casa vão seguramente debater-se com uma transcendente dúvida:
"Levo relógio, não levo relógio? E levando, qual a marca que vai melhor com o tipo de gravata?
"Leva o de ouro", dirá a Maria do fundo do corredor ao presenciar e hesitação do consorte.
Não é justo manter-se esta pressão sobre os nossos munícipes!
É claro que se por mera e improvável hipótese, algum se atrevesse a colocar esta dúvida ao presidente, tenho a certeza que a resposta de circunstância que iria obter seria mais ou menos do género:
"Oficialmente, não vejo nenhuma vantagem em vir carregado com esse peso desnecessário (agora voltam a estar de novo na moda aqueles relógios pesadões) mas deixo isso à sua consideração, porque nem todos os nossos gabinetes têm relógio de parede e corre o risco de perder a noção do tempo e ficar involuntariamente a morar por aqui".
PS: Não gosto de dar lições a ninguém, mas já vai sendo tempo dos Serviços de uma autarquia com a dimensão da nossa, sobretudo aqueles que escrevem aos munícipes em nome do presidente, deixarem de 'pontapear' tanto a Língua de Camões:
a) (...) questões suscitadas estaria certo, questões 'suscitados' está obviamente errado - na linha que precede o ponto 1 da resposta;
b) Informamos estaria certo,'informa-mos' está errado - ainda na linha que precede o ponto 1 da resposta;
c) (...) não emitiu estaria certo, 'não emanou' (neste contexto) está errado - ponto 3 da resposta.
No mesmo sentido vai o início da resposta: porque eu sou uma pessoa individual, o Exmos está errado - até porque não bate certo com o 'Senhor' que vem a seguir.
Convenhamos Dr. Rui Marques, que são demasiadas 'ofensas' ao que de mais valioso temos - a nossa Língua Pátria...
E bolas, Sr. Dr.! Escreva em Word e depois utilize o corrector de texto!
Com os melhores cumprimentos,
Celestino Neves, 12º. ano (*)
(*) Desculpe Dr. Rui Marques - por ter estado para aqui a 'ensinar o padre nosso ao vigário' - ou não...