ESTALEIROS NAVAIS DE VIANA DO CASTELO ATINGIDOS POR UM TORPEDO CHAMADO AGUIAR BRANCO...
À vista de todos, debatendo-se com uma tempestade nunca vista e com as gigantescas vagas que o empurravam de forma irreversível para a morte que espreitava nos rochedos da costa, o famoso paquete afundou-se finalmente, perante a impotência dos meios de socorro que não tinham sequer condições para sair e que não podiam por isso ir além da mera observação à distância e perante os gritos aflitivos das pessoas que apesar da tempestade, tinham acorrido ao local. Há tragédias que transportam em si mesmas a incontornável inevitabilidade...
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Contrariando as previsões mais alarmistas da protecção civil, o temporal amainou o suficiente para que os meios de socorro pudessem largar para aquela réstea de mar ali tão próximo e ao mesmo tempo tão distante, onde mais do que escutados, se adivinhavam os gritos dos sobreviventes da tragédia, tudo isto perante a ansiedade da população que os seguia sob a chuva agora menos intensa e que acreditava ainda num milagre.
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Duas horas depois, todos os barcos e os dois helicópteros que tinha participado na operação estavam de regresso.
Passado algum tempo, algures na capitania próxima e numa sala pejada de jornalistas e alguns familiares entretanto chegados ao local, o representante do armador dava início a uma conferência de imprensa para uma espécie de balanço preliminar do infausto acontecimento.
Iniciou (e a bem dizer, conluíu também) a sua intervenção mais ou menos assim:
"Hoje, devido à rápida intervenção e à eficácia dos meios de socorro, temos o prazer de anunciar com indescritível alegria que entre os cerca de 620 passageiros e tripulantes do paquete que infelizmente se afundou e que foram todos retirados do mar, existem cerca de 400 que apresentam ainda ainda alguns ténues sinais vitais e que, dependendo de encontrarmos vagas em tempo útil num qualquer hospital próximo, poderão ser ainda recuperados.
Tendo em conta a dimensão da tragédia que inicialmente se antevia, este é pois um balanço muito positivo e que nos enche a todos de alegri..."
(Aqui o cretino já não conseguiu concluir a palavra e quase ia sendo linchado em directo pelos presentes, não tivessem as forças da ordem intervido a tempo)
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Aqui veio a jogo o (fdp* do) ministro da Defesa. José Pedro Aguiar-Branco avança que há um cheque de 30 milhões de euros para fazer face às indemnizações por despedimento. “Estão garantidos os direitos dos trabalhadores”, assegurou Aguiar-Branco, ouvido pela Antena 1.
“Os trabalhadores vão sair e vão ser assegurados os seus direitos, estando disponíveis cerca de 30 milhões de euros para cobrir as indemnizações. Dá cerca de 50 mil euros por trabalhador”, resumiu um funcionário do ministério da Defesa em declarações registadas pelo Jornal de Notícias.
(Ficamos contentes por saber que vai ser possível assegurar um 'funeral' digno a todos os que não puderem chegar a tempo ao tal hospital próximo)
OBS.: Qualquer semelhança entre os dois fragmantos de notícia não é mera coincidência!
(*) fdp - famosíssimo e distintíssimo patriota