VALONGO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO - O 'ERRO DE CASTING' PERSISTE...
Nota prévia:
Depois da retumbante derrota em toda a linha do 'Polvo (geneticamente modificado) de Valongo' na batalha (quase) da minha vida e que ficará conhecida como "O Julgamento do Século", eu tinha prometido que iria conceder a mim próprio um tempo de 'relax' para fruir em pleno e de forma mais ou menos prolongada o sabor agridoce da imensa vitória que não me envolveu apenas a mim, mas também a muitos amigos sem a ajuda dos quais o resultado teria sido evidentemente bem diferente...
Porém...
Valongo - o Concelho e não o vasto território de imensas belezas naturais e algum Património natural e edificado que nos orgulha - é um perfeito 'case study' de sucessivos erros, de acumulação de asneiras, de decisões que nada têm a ver com a defesa dos interesses das populações da região e que ao longo dos anos persistem e se têm mesmo agravado em comparação - desde logo - com aquela que já foi a 'progenitora' da maior parte do nosso território: Maia (Terras do Lidador ou Terras da Maia)
Se quiséssemos simplificar - e não queremos mesmo fazê-lo - poderíamos dizer que talvez a assimetria advenha das potencialidades do território maiato propriamente dito, com uma maior proximidade ao litoral e ao turismo que sempre o prefere, da sua maior vizinhança com a Grande e Invicta Cidade.
Não é no entanto esse o nosso problema!
Valongo, este lamentável Concelho nasceu torto e tarde ou nunca se endireitará, porque tem a má sorte de (quase) sempre ter sido governado por gente medíocre.
Reportemo-nos apenas ao pós-25 de Abril de 1974:
* A Maia teve o privilégio de contar com esse 'monstro' do Poder Local, Vieira de Carvalho e logo a seguir com Bragança Fernandes e o actual, Domingos da Silva Tiago.
* Em Valongo contentamo-nos com João Moreira Dias, Fernando Melo, João Paul Baltazar e o que agora temos - para nossa desgraça, José Manuel Ribeiro.
* Na Maia, as Instituições e o tecido associativo recebem apoios assinaláveis, as empresas são atraídas pela qualidade das infraestruturas colocadas à disposição dos investidores e cuida-se do território como se deve cuidar de um investimento que quanto melhor preservado for mais investimento conseguirá atrair.
* Em Valongo é a desgraça total, o desleixo completo a falta de respeito para com um território bonito, pleno de belezas naturais mas ao abandono e cuja preservação estará sempre, na ordem das prioridades, a seguir a qualquer concerto do Quim Barreiros, da Xana Toc-Toc ou de uma qualquer e deficitária edição da Expoval.
* Na Maia não se contratam pseudo-escritores para divagarem sobre a história das Terras do Lidador. Quem escreve sobre a Maia - e muitos o fazem - fá-lo por conta própria e por causa do imenso acervo sobre o qual pode discorrer.
* Em Valongo, até para resumir 180 anos de memórias da elevação a Concelho - um resumo mal compilado, ficcionado, deturpado e que mais se assemelha a um volumoso panfleto para vender 'banha da cobra' a turistas ocasionais com pouco tempo para investigarem pormenores perdidos no tempo sobre um território ao qual dedicarão um ou dois dias de atenção antes de seguir viagem rumo à Grande Cidade ou ao vasto litoral mais a sul - tem de se arranjar um avençado e pagar-lhe a peso de ouro.
(Sobre o dito livro/panfleo e sobre Alfena por exemplo, existem no mesmo verdadeiras anedotas que um dia destes tentarei com algumas ajudas externas desmontar, tais como o famoso (!) "Pilar de S. Lázaro" ou a leprozaria que se teria localizado na margem direita do nosso Rio Leça (!).
Valongo é um território bonito e as suas gentes não merecem ser governadas assim!
(Ou talvez mereçam se persistirem - se todos persistirmos - em curvar a cerviz perante o nepotismo, a negligência, a corrupção, o privilégio dos 'boys' no acesso aos lugares próximos do trono do actual monarca reinante).
Nota final:
Por tudo isto e muito mais é que o propósito que tinha de me conceder um tempo de lazer e fruição das muitas coisas boas que me têm andado escapar continua a assemelhar-se à ponte da letra da música dos Jáfumega: "...uma miragem p'ra outra margem" - mas qual margem?...