VALONGO E OS NEGÓCIOS 'SOLIDÁRIOS'...
Quem acha que fazer formação profissional em regime pós-laboral ou para desempregados - com pagamento de uma bolsa de formação e um subsídio de refeição - é um acto de solidariedade levante a mão...
Até podia ser mas como diz o outro, "o diabo está nos detalhes"...
Formação profissional como parte integrante de uma função profissional mais alargada dos formandos e formadores seguramente não é um exercício de solidariedade e por maioria de razão, também não o é quando é feita em exclusivo e é paga por alguém - seja pelos próprios formandos, seja quando é financiada por qualquer programa europeu, seja ainda quando é promovida por qualquer outra entidade.
Ora bem... vou tentar abordar um assunto incómodo relacionado - mais uma vez - com o 'subúrbio' e que envolve formação financiada por fundos europeus, tentando ser o menos desagradável possível - eu próprio tenho o CAP de formador, já ganhei dinheiro fazendo formação pós-laboral e não considero que tenha cometido algum crime com isso...
A Plataforma Solidária de Alfena é uma estrutura vocacionada com o exercício prático da solidariedade nas suas mais variadas vertentes que foi instalada inicialmente por três entidades: Câmara Municipal de Valongo, Junta de Freguesia de Alfena e AVA - Associação Viver Alfena.
Por razões que para o caso pouco interessam - ou talvez até interesssem pelas piores razões - a AVA desvinculou-se do projecto, o qual passou desde então a ser 'tocado a duas mãos',
Ora bem...
A então presidente da AVA foi eleita para a Câmara na lista do actual presidente e talvez as 'tais razões' que levaram à tal ruptura tenham sido a principal razão para que tenha decidido transferir todas a valências asseguradas pela Câmara para salas alugadas ao Centro Social e Paroquial de Alfena.
Até aqui tudo bem - ou nada de mal pelo menos: a Câmara tem dinheiro para pagar rendas e com esse pagamento também ajuda a grande e prestimosa IPSS ligada à paróquia.
E por acréscimo, com a libertação de espaço na Plataforma, ajuda a outra parceira, a Junta de Freguesia, a desenvolver ainda mais as actividades que já assegura.
Raciocínio errado!
A verdade é que a Câmara - a Dr.ª Manuela Duarte - não libertou sala nenhuma e exigiu até com prazo marcado para tal, que a parceira Junta de Freguesia que entretanto ali já desenvolvia as suas actividades a desocupasse.
E para quê - perguntam os valonguenses, os alfenenses em particular . E perguntam muito bem, até porque a resposta é simples de dar - de aceitar talvez nem tanto...
A tal sala foi cedida a uma empresa de formação para fazer formação financiada e com isso ganhar dinheiro, de forma legal seguramente, mas utilizando um equipamento público que não foi concebido para esse fim.
E não se pense que o erro reside apenas no facto dessa cedência ser, ao que parece, gratuita. Mesmo que tivesse qualquer contrapartida financeira seria igualmente errada pois a Plataforma Solidária de Alfena, tal como o próprio nome indica, destina-se a desenvolver e assegurar o funcionamento de projectos solidários.
Porque o presidente da Câmara é sempre responsável pelos erros eventualmente cometidos pelos seus vereadores - ainda que por vezes possa alegar que eles são cometidos no exercício das respectivas competências delegadas e possa nem sempre ter conhecimento pormenorizado dos mesmos - deixo aqui ao meu mais ilustre e assíduo leitor Dr. José Manuel Ribeiro - boa noite senhor presidente - o alerta para este caso que aparentemente pode configurar várias hipóteses possíveis de irregularidades e/ou crime.
A tal empresa que ali tem desenvolvido as tais acções de formação financiada e tem já mais algumas programadas para o início de 2020 é a Tecla.
A Tecla é como quem diz...
A Tecla foi dissolvida e liquidada em Outubro de 2016 e quem herdou e actualmente desenvolve a respectiva carteira de actividades de formação - trabalhando sob a marca Tecla - é a Factopolis.
Não sou especialista nestas 'engenharias' envolvedo falências de empresas com abertura de outras sob a mesma marca. Talvez isso seja perfeitamente legal - até porque a tal Tecla (Factopolis) faz formação certificada e nem é bem isso que está aqui em causa.
O que conta de facto e é para isso que chamo a sua atenção, é que a sua vereadora com o pelouro da Acção Social usou um equipamento público para ajudar uma empresa privada a ganhar dinheiro e, por acréscimo, tentou acertar umas pequenas 'contas' pessoais com o presidente da Junta de Freguesia de Alfena.
Em tese até posso admitir que em determinado momento ela pudesse ter razões para se sentir zangada com alguma atitude tomada pelo seu anterior parceiro - quando ela era presidente da AVA - mas nem o cargo que actualmente exerce nem o equipamento público gerido pela Câmara e pela Junta de Freguesia podem funcionar como arma de arremesso ou para promover qualquer estratégia de ajuste de contas pessoais.