ALFENA DOS "FEIRANTES" ILUSTRES...
Não será difícil de imaginar o desconsolo do nosso Vereador financeiro e ex querido líder dos UPA - bem... quanto ao "ex" não tenho muitas certezas! - ao assistir ao inglório desfecho da adjudicação do negócio que da "Feira", que daria corpo à sua genuína faceta de feirante ilustre...
Ninguém contesta que Alfena mereça ter um espaço destinado à realização de eventos - por exemplo, as tais "feiras temáticas".
Ninguém estará contra a que se dê um destino útil a qualquer espaço degradado - e aquele está de facto profundamente degradado, mas precisamente por obra e graça daqueles que agora invocam esse estado para potenciar os seus argumentos.
Ninguém está contra a que os nossos autarcas desatem a "fazer filhos" - no sentido figurado do termo, obviamente - mas aquele "filho", ao que parece estavam a tentar fazê-lo em "mulher alheia".
A pressa com que o Vereador financeiro agendou a adjudicação da obra para a reunião pública de Câmara de ontem, colocou aos seus pares vários problemas:
Desde logo, pretendendo fazer passar a ideia de que o processo se enquadrava naquele outro referente à construção do "Centro Cívico de Alfena" - qualquer dia vai convencer-nos que o centro cívico de Alfena faz fronteira com o "centro cívico de Valongo"...
Depois, porque ainda o tal Plano de Saneamento Financeiro da Câmara não está publicado e já começa a ser violado por via de investimentos deste tipo que como o mesmo estabelece teriam que ser sempre alvo de profunda e cuidada reapreciação. Se a Câmara não tem dinheiro "para fazer cantar um cego", como é que se propõem gastar desta maneira leviana mais de quatrocentos mil Euros?
O agendamento deste assunto foi obviamente retirado, mas nada nos surpreende que, comprometido como está o nosso Vereador com os seus mais fieis apoiantes locais, sobretudo com aqueles que já se inscreveram "secretamente" para terem direito a uma "banquinha de frutas e legumes" ou outro produto similar, volte um dia destes à carga com o assunto.
Veremos entretanto, qual vai ser a reacção dos anteriores proprietários dos terrenos - sobrantes da construção do viaduto - os quais reivindicam naturalmente em Tribunal a reversão da posse dos mesmos.
Post-scriptum:
Intervenção da Coragem de Mudar impede violação do Plano de Saneamento Financeiro
Uma semana depois de aprovado, o Plano de Saneamento Financeiro (PSF) da Câmara de Valongo esteve prestes a ser violado pelo concubinato político PSD-PS instalado na autarquia. A Câmara propunha-se gastar cerca de meio milhão de euros na criação de uma feira semanal, em Alfena, por baixo de um viaduto. O PS fez uma intervenção em defesa dessa obra, não prevista no PSF, mas teve de recuar, depois da intervenção da vereadora Maria José Azevedo, na reunião do Executivo, realizada nesta manhã.
A autarca da Coragem de Mudar lembrou que se estava prestes a avançar para uma despesa não englobada no PSF aprovado pelo PSD e pelo PS, numa altura em que o plano e o consequente empréstimo de 25 milhões de euros “não tiveram ainda o visto do Tribunal de Contas. Fica claro que não há qualquer mudança de paradigma na gestão e nem sequer se respeita um período de nojo nesta matéria”, declarou a vereadora.
Perante a intervenção de Maria José Azevedo, o presidente da Câmara tentou rebaptizar o concurso, que era para a criação da feira, chamando-lhe centro cívico de Alfena. “É uma falta de respeito pela população alfenense, que merece um centro cívico, dar essa designação a um arranjo debaixo de uma ponte”, frisou a vereadora. O ponto acabou por ser retirado da ordem de trabalhos sem votação depois dos alertas da Coragem de Mudar.
Na reunião desta manhã foi aprovado o Relatório e Contas do exercício de 2010, que contou com o voto contra da Coragem de Mudar e com a abstenção complacente do PS. O documento deixa a nu a falsidade dos orçamentos empolados, apresentados pelo PSD e viabilizados pelo PS. Dos 90 milhões de euros previstos no Orçamento, só foram concretizados 41 milhões de receita. A despesa ascendeu aos 76 milhões As dívidas vão-se acumulando. “Daqui a dois anos, se o empréstimo de 25 milhões avançar, a Câmara terá encargos mensais, com dívidas e juros, superiores a 450 mil euros. Não sei se terá capacidade para honrar tais compromissos”, avisou Maria José Azevedo.