MANHÃS DE DOMINGO - FRESCAS E COM SOL...
Vazio...
Difícil, quase impossível mesmo, senti-lo nesta manhã fresca de verão e de domingo - a mim, talvez porque menos habituais, deliciam-me sempre de uma forma especial as manhãs frescas de verão...
Vazio, num domingo, onde todos os movimentos que fazemos são mais pausados, onde os minutos parecem mais longos, onde a urgência dos nossos actos indispensáveis parece atenuar-se, onde até o canto dos pássaros parece ter uma sonoridade diferente e mais musical, vazio neste contexto, é difícil senti-lo.
Depois - e não tenho uma explicação plausível para esse facto - sempre associei os domingos com sol e manhãs frescas, a momentos inesquecíveis e quando ainda temos a capacidade de manter inesquecíveis certos momentos da nossa vida, não há vazio que resista!
Vazio, vazio interior, depende sempre de factores de natureza intrínseca e extrínseca e hoje, tudo que me rodeia tudo o que me provoca algum tipo de sensações - a música clássica que ouço em fundo ténue por exemplo (creio que Vivaldi, que nunca fui muito rigoroso na identificação à primeira, mesmo em relação aos autores que aprecio de forma especial) ou até a miscelânea dos sons que me chegam da rua e que conseguem penetrar a ténue barreira musical - as vozes dos ciclistas de domingo que de quando em vez sinto passarem na estrada próxima, a ausência de uma agenda específica a pressionar-me, a falta de alertas para mensagens sem sentido na minha caixa de correio, são factores extrínsecos que intrinsecamente me impedem de sentir qualquer tipo de vazio interior.
E hoje, não o sinto e melhor que tudo isso, não me ocorre sequer o receio de o vir a sentir - o que desde logo é muito bom!