A CRISE - A ECONÓMICA E A DE VALORES...
Com muita frequência, "vemos, ouvimos e lemos" que algumas das políticas sociais que foram sendo implementadas ao longo destes últimos anos, não alcançaram (não alcançam) os resultados que se pretendiam obter quando as mesmas foram criadas.
A meu ver, há algumas razões que explicam esse insucesso:
À cabeça vem-nos logo a questão do Rendimento Social de Inserção (RSI) que desde início, serviu na esmagadora maioria dos casos - e isto, sem pôr em causa as reais necessidades de quem a ele recorria (recorre) - como "moeda de troca" para angariar votos.
O poder discricionário que sobretudo ao nível do poder local, era concedido àqueles que tinham de informar os processos por exemplo, funcionou como uma autêntica "fábrica de maiorias eleitorais". Depois, a atribuição dessa ajuda, foi sempre na base da caridadezinha e da esmola - e quem dá uma esmola não exige como é óbvio, nada em troca - quando, como o próprio nome indica, ela deveria servir para envolver as pessoas em trabalho social concreto e por via disso, ajudá-las a inserir-se de novo ou pela primeira vez, no mundo do trabalho.
Por isso é que vemos (ainda) um elevado número de cidadãos em idade adulta activa - às vezes agregados familiares completos - que estruturaram completamente a sua vida com base neste subsídio e depois, escandalizámo-nos, porque alguém em muitos sítios do País, em muitas actividades e dos mais diversos estratos sociais, que sendo chamado para uma proposta de emprego, arranja todos os argumentos possíveis e imaginários para a recusar!
E catalogámo-los logo: preguiçosos, oportunistas, "subsídio dependentes"...
Esquecemo-nos é de que foram os políticos, os autarcas, as pessoas com alguma possibilidade de ajudar a construir uma mentalidade nova, que foram formatando - em benefício próprio - esta maneira de encarar as ajudas que o Estado vai dando a alguns, usando as contribuições de muitos. Sim porque o Estado não tem dinheiro nem uma máquina de o fazer: ele vem dos impostos de quem trabalha ou cria emprego!
Já hoje num comentário feito no Facebook a propósito deste problema e desta questão de existirem dezenas, centenas, talvez milhares de ofertas de emprego que são recusadas por centenas, milhares, talvez dezenas de milhares de subsídio dependentes - eu falei do que pelo menos até há algum tempo atrás, se passava aqui em Alfena.
Pena é que os Organismos fiscalizadores não tenham andado e continuem a não andar, atentos aos "sinais exteriores de maiorias" e ao contrário de outras buscas, não tenham preferido direccionar algumas para esta área específica.
Agora também, isso já não é muito relevante porque a contenção é tanta, que a "torneira" se fecha e raciona de forma automática o respectivo "débito" - criando porém aqui - através dos "cortes cegos" novas formas de injustiça.