VALONGO - "ABRIR E FECHAR"
Valongo estiola.
A passos largos, avança a "desertificação democrática" - e financeira - processos que conduzem ou dos quais resulta, um estranho fenómeno, que uns acreditam ainda ser reversível, outros mais pessimistas afirmam ter-se tornado inevitavelmente incontrolável: o da transformação da "nobre casa de Vallis Longus" num modesto "casebre" de ideias curtas, "diálogos de surdos" e finanças com uma pasta de arquivo vazia de ficheiros (leia-se euros)...
Quantas vezes não nos aconteceu já, enviarmos um "ficheiro anexo" a um qualquer e-mail e quem o recebe, constatar boquiaberto que recebeu uma pasta indicando "0 KB"?
Pois é exactamente assim que está a "pasta" do departamento financeiro da nossa Câmara: sem "Kilobytes", nem "Megabytes", tampouco "Gigabytes" e muito menos ainda "Terabytes" - aliás desconfio até que o Vereador do respectivo Pelouro desconhece as equivalências entre estas unidades de medida, razão porque apesar de tudo ainda aparenta alguma "alegria de viver".
Alguns rumores mais pessimistas pressagiam uma precoce "morte política" desta pequena maioria anémica - porque a verdade é que já só sobreviverá ligada a uma máquina de respiração assistida e por enquanto, a máquina ainda não foi adquirida e nem sequer há já a certeza de que os fornecedores inicialmente contratados, mantenham interesse no negócio.
Eu consigo imaginar como se deverão sentir aqueles que ao longo dos últimos anos se fartaram de distribuir benesses e favores a amigos e "afilhados" e agora nem "um café" lhes conseguem pagar.
É que por todo o País começaram a ganhar corpo tendências estranhas, introduzidas (há quem diga que impostas) por uma entidade com uma designação não menos estranha - TROIKA - práticas essas que se convencionou, para "facilitar" designar por cortes.
O Poder local a princípio ainda alimentou a vaga esperança de que esta guerra se limitaria àquela gente esbanjadora do Poder Central, mas não levou muito tempo até perceber que sendo ele próprio (Poder Local) parte do problema teria que passar inevitavelmente também pelo "bloco operatório" e sofrer como os restantes poderes, a dor incisiva do frio bisturi.
Apesar de tudo, tem-se provado em idênticas intervenções que há "doentes" que recuperam bem, mas outros existem - Valongo será um deles - onde o mais certo, é abrir e fechar e avisar a família para se ir preparando para o velório:
É que há casos em que amputando um membro - em casos extremos até mesmo dois - a esperança de vida se restabelece e pode mesmo resultar em surpreendentes recuperações, porém dizem-nos que neste caso não há nada a fazer porque o Órgão a amputar é o... "cérebro"!
Será que não existe mesmo esperança nenhuma? Pode muito bem acontecer que estejam a confundir "cérebro" com outro "órgão" menos crítico - não seria a primeira que um órgão vital seria encontrado num sítio diferente do expectável...