Mão amiga fez-me chegar este registo histórico de "um dos nossos maiores"...
Tenho para mim, que por uma questão de coerência, da mesma forma que às vezes nos apressamos a enaltecer qualidades - embora em boa verdade neste caso concreto eu nunca o tenha feito por as desconhecer de todo - deveremos de igual modo, saber destacar os erros.
É que se não o fizermos, o Povo português tem muita tendência para costruir "ídolos" e não tendo eu nada contra isso - cada um tem o direito a ser devoto do "santo que mais lhe agrade" - se alguém mais atento se aperceber que o "santo tem pés de barro", deve torná-lo público.
É um dever de cidadania e ao mesmo tempo, um serviço relevante que se presta à comunidade.
Achei por isso, que com a devida vénia à autora, deveria replicar este excelente "levantamento histórico" - da nossa História recente, que nem pelo facto de envolver "supremos magistrados", "deuses menores" e figuras de "duro porte", nos deve inibir de expressarmos o nosso espírito crítico.
CAVACO DAVA MUITAS FALTAS...
É SEMPRE BOM SABER A VERDADE. PORQUE SÓ APARECE AGORA?!...A Dívida de Gratidão
Naqueles longínquos anos 80 o Prof. Aníbal Cavaco Silva era docente na Universidade Nova de Lisboa. Mas o prestígio académico e político que entretanto granjeara (recorde-se que havia já sido ministro das Finanças do 1º Governo da A.D.) cedo levaram a que fosse igualmente convidado para dar aulas na Universidade Católica. Ora, embora esta acumulação de funções muito certamente nunca lhe tivesse suscitado dúvidas ou sequer provocado quaisquer enganos, o que é facto é que, pelos vistos, ela se revelou excessiva para o Prof. Cavaco Silva. Como é natural, as faltas às aulas, obviamente às aulas da Universidade Nova, começaram a suceder-se a um ritmo cada vez mais intolerável para os órgãos directivos da Universidade. A tal ponto que não restou outra alternativa ao Reitor da Universidade Nova, na ocasião o Prof. Alfredo de Sousa, que instaurar ao Prof. Aníbal Cavaco Silva um processo disciplinar conducente ao seu despedimento por acumulação de faltas injustificadas. Instruído o processo disciplinar na Universidade Nova, foi o mesmo devidamente encaminhado para o Ministério da Educação a quem, como é bom de ver, competia uma decisão definitiva sobre o assunto. Na ocasião era ministro da Educação o Prof. João de Deus Pinheiro. Ora, o que é facto é que o processo disciplinar instaurado ao Prof. Aníbal Cavaco Silva, e que conduziria provavelmente ao seu despedimento do cargo de docente da Universidade Nova, foi andando aos tropeções, de serviço em serviço e de corredor em corredor, pelos confins do Ministério da Educação. Até que, ninguém sabe bem como nem porquê,... desapareceu sem deixar rasto... E até ao dia de hoje nunca mais apareceu. Dos intervenientes desta história, com um final comprovadamente tão feliz, sabe-se que entretanto o Prof. Cavaco Silva foi nomeado Primeiro-ministro. E sabe-se também que o Prof. João de Deus Pinheiro veio mais tarde a ser nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros de um dos Governos do Prof. Cavaco Silva, sem que tivesse constituído impedimento a tal nomeação o seu anterior desempenho, tido geralmente como medíocre, à frente do Ministério da Educação. Do mesmo modo, o seu desempenho como ministro dos Negócios Estrangeiros, pejado de erros e sucessivas gaffes , a tal ponto de ser ultrapassado em competência e protagonismo por um dos seus jovens secretários de Estado, de nome José Manuel Durão Barroso, não constituiu impedimento para que o Primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva viesse mais tarde a guindar João de Deus Pinheiro para o cargo de Comissário Europeu. De qualquer modo, e como é bom de ver, também não foi o desempenho do Prof.João de Deus Pinheiro como Comissário Europeu, sempre pejado de incidentes e críticas, e de quem se dizia que andava por Bruxelas a jogar golfe e pouco mais, que impediu mais tarde o Primeiro-ministro Cavaco Silva de o reconduzir no cargo. A amizade é, de facto, uma coisa muito bonita...
Maria Encarnação Gorgulho Santo |
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