CÂMARA DE VALONGO - UM INTERESSANTE "CASE STUDY"...
"Em Valongo sê Valonguense"...
É uma adaptação de circunstância obviamente, mas que muita gente costuma levar razoavelmente à letra, sobretudo - e é sobre isso que hoje quero escrever - aqueles empresários que devido ao tipo de negócios que gerem, têm necessidade de lidar com a Câmara, ou para os realizar com a própria, ou então, para se movimentarem na teia burocrática instituída pela mesma, para transformar a coisa mais simples, no procedimento mais complicado - e portanto, mais oneroso.
Há no entanto, excepções para este tipo de dificuldades, ou dito de outra forma, vantagens acrescidas para certos parceiros privilegiados.
Só que a "chave mestra" capaz de escancarar todas as portas ou a password capaz de ultrapassar todas as barreiras e galgar a firewall mais sofisticada, não estão ao alcance de qualquer empresáriozeco de meia tigela: "muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos" e estes últimos, sujeitam-se sempre ao mais aviltante de todos os escrutínios: a negociação em "off".
Aliás, neste momento, está a decorrer uma acção judicial contra dois arquitectos da Câmara - e é suposto os técnicos da autarquia dependerem dos titulares dos cargos políticos - que tem a ver, a acreditarmos no que tem vindo a lume nalguns jornais, com este tipo de práticas pouco "ortodoxas", para usar um eufemismo mais inócuo.
É lamentável ter de dizer isto da terra onde vivo, mas Valongo é um verdadeiro "case study" em termos do que não deve ser feito quando a intenção é seguir as regras das boas práticas na gestão da Coisa Pública.
Quando se fala com alguém de outra região ou Concelho e por mais que por aqui nos repitam até à exaustão os "prémios disto e mais aquilo" que a Câmara tem recebido, Valongo vira inevitavelmente anedota e o seu gestor máximo dos últimos 18 anos, uma espécie de "figura de banda desenhada", de características multifacetadas, mas todas elas e por mal dos nossos pecados, com pontos de toque mais ou menos relevantes, com um certo tipo de "economia paralela" que impera um pouco por todo o lado e em quase todos os níveis de poder deste País anémico e em estado de pré insolvência.
De Fernando Melo, diz-se até - em ar de brincadeira seguramente - que quando promove ou formaliza um qualquer daqueles "grandes investimentos" em que tanto se tem afadigado nos últimos anos, tem uma predilecção especial, um quase fetiche, por mesas de tampo opaco, amplo quanto baste, mas não tanto que possa impedir um amigável aperto de mão que não tem que se fazer sempre ou obrigatoriamente à superfície.
De outros "colaboradores menores" contam-se gostos especiais por certos objectos de coleccção - versões modernas e seguramente mais valiosas que as velhinhas ampulhetas, mas igualmente preparados para medir o tempo, obviamente com uma precisão imensamente maior que aquelas, preferências em que não vislumbramos nada de condenável, mas em que o Ministério Público pelos vistos viu.
Há também histórias ligadas a um novel Vereador, em tempos (e não sei se ainda) demasiado preocupado com arranjos florais para ornamentar tudo que fossem iniciativas lideradas por si, arranjos esses documentados com facturas aparentemente falsas - na opinião do Ministério Público - mas que eu estou em crer que tal não passará de simples e banal confusão do/a florista, pouco habituado/a a cuidados suplementares sempre que o cliente não é o vizinho da esquina que não vai usar a factura para coisa nenhuma.
E se assim for, que sejam ele ou ela os punidos pela nossa exemplar Justiça, por terem contribuído de algum modo, mesmo que ao de leve e ainda que involuntariamente, para ofuscar o brilho de tão ilustre figura do nosso poder local.
Sua Excelência está acima de toda a suspeita e nem o facto de em tempos se ter atrasado um pouco a pagar umas famigeradas rampas e que aquando das eleições lhe iam colocando em risco a possibilidade de ascender até Vallis Longus, deve ser levado em linha de conta para daí tirar a (errada) conclusão de que ele não seja uma pessoa de boas contas.