A "DOENÇA PROLONGADA" DE VALONGO...
Hoje segui com interesse o programa da TVI 24 conduzido por Judite de Sousa.
Os Professores Medina Carreira e Paulo Morais eram os convidados de "Olhos nos Olhos" - um excelente programa, que na TVI afinal há mais vida para além da "casa dos segredos".
Pena ter sido no Canal por cabo, porque em termos de impacto não é a mesma coisa que ser transmitido no canal generalista.
Falaram sobre corrupção, enriquecimento ilícito, financiamentos dos Partidos, enfim, falaram sobre o estado de "doença prolongada" em que este País vive e onde já ninguém tem a certeza de que nem com a violenta "quimioterapia" que lhe vem sendo aplicada pela Troika ele consiga reverter o mal.
Porque será que a certa altura do programa, ao ouvi-los desfilar exemplos, fazer diagnósticos, apontar soluções me pareceu que se estavam a referir a Valongo?
É que tudo o que disseram todos os podres que referiram me lembraram aqueles "modelos à escala" com que os engenheiros, projectistas e técnicos diversos, costumam trabalhar para prepararem a construção de uma barragem, de uma ponte, de uma ETAR - são os exemplos que me ocorreram assim de repente...
Valongo é seguramente neste exemplo, a última fase experimental do referido "modelo à escala" de um País de advogados corruptos, de juízes corruptos, de magistrados corruptos, de empresários corruptos e de políticos originários deste caldo fétido em que todos se movimentam e que portanto, não podiam fugir à regra - um País que infelizmente é o nosso.
Mas ouve um curioso exemplo citado por Paulo Morais que encaixa na perfeição na corrupção que todos sabemos que impera em Valongo na área do Urbanismo:
"Um cidadão vai a um stand de automóveis compra um carro usado, trata da documentação, paga-o e começa a circular com ele. Um dia, numa operação STOP, a polícia descobre que afinal o carro havia sido roubado, e os documentos falsificados para a venda. O que acontece, é que é imediatamente apreendido, para posterior devolução ao seu legítimo proprietário".
O que o Professor Paulo Morais quiz dizer com este exemplo, é que se uma obra é feita subvertendo a Lei (no caso das Câmaras o PDM), se um empreendimento que deveria ter uma determinada área construtiva e tem o dobro ou o triplo, se um edifício (por exemplo o Hospital Privado de Alfena) deveria ter um determinado número de pisos e se descobre que afinal tem mais um ou dois, isso trata-se de um roubo face aos direitos dos restantes cidadãos. Portanto, o que deveria acontecer, seria a aplicação pura e simples do princípio seguido para o carro: demolição - total ou parcial - ou em casos extremos, expropriação.
Mas isso seria num País ou num Município a sério - o que infelizmente, nem é o caso dos portugueses nem dos valonguenses em particular.