"MARKETING" ALFENENSE...
Acho que é um pequeno "tique" que todos temos em maior ou menor grau: concluímos uma qualquer obra que envolva alguma criatividade - o "pintor amador", o "generalista" da bricolage que conclui um pequeno trabalho, o horticultor ou jardineiro de fim de semana - e depois lá ficamos, durante uns minutos mais ou menos longos conforme o tamanho do respectivo ego, embevecidos, babados, a contemplar a obra feita. É humano, aceita-se, desde que não se exagere no silencioso mas óbvio auto elogio.
Vem todo este arrazoado, a propósito da "obra" que estava a ser executada na passada quinta feira ao início da tarde no terreno onde é suposto vir a ser construída a futura Unidade de Saúde Familiar de Alfena.
Quando passamos no sentido Alfena-Ermesinde, estava já na fase final. Demos (éramos dois) a volta ao burgo e por coincidência, cerca de uma hora depois, viemos sair novamente à Rua de S. Vicente, a norte da "obra", logo, fizemos nova passagem pelo local, constatando que a mesma tinha já terminado e os "artistas" lá estavam, no passeio contrário, embevecidos, babados a contemplar a mesma com ar de quem tinha vontade de perguntar aos passantes "-que tal, está a vosso gosto?".
Era evidentemente pessoal da Junta de Freguesia e o grau de embevecimento que se notava no rosto dos presentes - sobretudo no do coordenador da empreitada - era inversamente proporcional à importância da tarefa concluída:
Coisa pouca, sem interesse relevante para o Povo, para quem este tipo de "marketing" não constitui nenhum benefício - porque se tratava afinal, da simples colocação de um "outdoor" anunciando a localização futura da nova Unidade de Saúde.
Para os alfenenses, sobretudo para os económicamente mais débeis que não podem aceder à "saúde dos ricos" prometida para "ontem" pelo grupo Trofa Saúde, importante será de facto, o mais que problemático arranque da construção da mesma.
Mas se coisa tão pequena os embeveceu tanto, ficamos a torcer - neste caso concreto, sem qualquer ironia - para que os vejamos a babarem-se durante horas, dias seguidos, mesmo meses, na altura em que a nova Unidade de Saúde for inaugurada. Inaugurada, sublinho, porque a simples construção não chega. Basta vermos o que se tem passado com as sucessivas "inaugurações" do Hospital Privado, sucessivamente empurradas para a frente no calendário dos meses - melhor dizendo, dos anos...
Só que no caso concreto da Obra de interesse público efectivamente relevante as "vacas que já foram gordas" estão agora mais escanzeladas que cão abandonado e à mingua, o que desde logo aconselha a que esperemos sentados para que não nos cansemos demasiado. Foi o que eu fiz quando anunciaram a construção da "feira temática" e nem sequer ensaiei levantar-me quando anunciaram a "primeira inauguração" do Hospital Privado, cautela que se veio a revelar completamente justificada e me poupou muito e penoso cansaço - que não sou capaz de aguentar muito tempo de pé!