ANAFRE E A "PEIXEIRADA" DE PORTIMÃO...
O que vou escrever, não tem a pretensão de ser politicamente correcto, não tem nada a ver com questões de simpatia com Miguel Relvas - de quem não conheço por enquanto grandes contributos ou trabalho de relevo na área de governo que lhe está atribuída - para além do conhecido "Livro Verde" - nem tampouco com qualquer reconhecimento de que o governo de Passos Coelho esteja a executar uma boa governação e a implementar (sempre) as medidas mais correctas.
Mas apesar desta prévia declaração de reserva, considero inaceitável, rondando mesmo a boçalidade, o comportamento adoptado por parte dos autarcas das Freguesias reunidos em congresso da ANAFRE este sábado em Portimão.
É que eles não estavam a reclamar ou a protestar contra a intenção de governo de retirar direitos as seus representados e eleitores. Eles estavam simplesmente a tentar evitar que lhes afastem da frente a "gamela do Orçamento" onde há demasiado tempo se lambuzam com a "ração" paga com os impostos de todos nós!
Manipulam portanto compreensiveis sentimentos bairristas das suas populações, apenas no seu próprio intereresse, esquecendo-se de lhes dizer, que numa enormíssima parte das freguesias deste País, metade das transferências do Estado vai para lpagar o "tempo parcial" que os presidentes do executivo dedicam ao exercício das respectivas funções ou para pagar "senhas de presença" nas reuniões ou assembleias que a lei impõe aos restantes eleitos ao longo do ano!
Só quem não conheça casos de freguesias com 500 ou menos eleitores, com total continuidade territorial e equidistantes da respectiva Câmara, é que pode defender este tipo de "luta" dos boçais presidentes (parte deles) em Portimão.
E não, não me estou a referir a pequenas autarquias isoladas no interior deste País, onde acabar com as mesmas seria profundamente errado.
Estou a referir-me - e porque em Valongo esse problema não se coloca (?) - à freguesia de Lamelas (onde vivi) Guimarei (onde nasci), Carreira, Refojos, Reguenga, todas pertencentes ao Concelho de Santo Tirso - que é aquele que conheço melhor.
Veja-se o respectivo número de eleitores de cada uma delas, veja-se a respectiva distância das mesmas em relação respectiva Câmara e digam-me o que é que faz mover "causas" como as protagonizadas pelos "revoltosos" de Portimão.
Para me situar apenas no exemplo atrás referido, todas elas dariam um freguesia mais pequena que Alfena, mas se quisermos aprofundar um pouco mais a questão, será que faz algum sentido que as sedes de Concelho tenham também a sua Freguesia?
Porquê a Freguesia de Valongo, de Matosinhos, da Maia, de Santo Tirso e por aí adiante?
Não gosto deste governo, não simpatizo especialmente com Miguel Relvas, mas desta vez estou de acordo com o que se propõem fazer - desde que sejam salvaguardados os casos das freguesias do interior, onde a descontinuidade entre si e as distâncias à autarquia maior, são incompatíveis com fusões ou extinções.