SOMAR PARA (MELHOR) AJUDAR...
Apesar de algo longo, acho que há uma parte do meu post anterior que merece um pouco mais de desenvolvimento: aquela em que abordo a componente do trabalho autárquico relacionada com os apoios sociais às populações.
Dizia-me o amigo Sr. Silva Pereira há pouco, no comentário que me deixou ao referido post:
"(...) O poder político foi sempre invejoso da acção social que, geralmente de modo espontâneo, surgia nas comunidades e que é, actualmente, representada pela actividade das IPSS, as novas Misericórdias, pelo menos ao nível da freguesia.
E isto porque a sua legitimidade apenas deriva do voto e não do serviço desinteressado. Os apoios, neste campo, que se foram estendendo a outras áreas - associações de caracter cultural, recreativo e desportivo - transformaram o poder político numa espécie de "agência de eventos" - veja-se, a propósito, os sítios da Junta e da Câmara, de onde a política está arredada ou, no mínimo, bem escamoteada, ou, ainda, de acesso condicionado. Isto é exactamente o oposto do que deve ser o poder Local.
Mudança urgente, precisa-se, pelo menos de atitude, tanto mais que é o escasso dinheiro de todos que está em jogo. (...)"
Infelizmente, desde há muito que todos nós convivemos com esta triste - e ridícula também - realidade que se traduz numa espécie de disputa entre aqueles que dispondo de diferentes tipos e níveis de meios - autarquias locais que utilizam meios próprios reservados nos respectivos Orçamentos e também, mas em menor parte alguma ajuda benévola que vão conseguindo captar, ou de Instituições de solidariedade há muito implantadas no terreno e genericamente designadas por IPSS, que se suportam em grande parte nas ajudas de carácter benévolo que vão recebendo das populações mais solidárias por um lado e em protocolos estabelecidos com a Segurança Social por outro e que dessa forma lhes reconhece maior capacidade na optimização dos recursos com base num conhecimento mais próximo das realidades locais o que à partida representa sempre "ganhos de escala" significativos.
Em Alfena, vimos desde há muito a denunciar a política da caridadezinha praticada pela respectiva Junta - denúncia a que a Câmara também não escapa - porque sabemos quais os verdadeiros (e nem sempre suficientemente escondidos) objectivos de quem a pratica e quais os resultados que espera vir a obter como "retorno".
Aqueles a quem estas críticas são dirigidas, armam-se quase sempre em "vitimas" e pior do que isso, utilizam invariavelmente as verdadeiras vítimas como "armas de arremesso" contra quem lhes critica a forma de prestar apoio.
É uma reacção normal e esperada de quem mais não faz do que defender pequenos feudos que em períodos eleitorais lhes hão-de garantir ganhos significativos em termos de votos. Quem reage assim, sabe que a parte das ajudas que gere, vindas ou do erário público ou de apoios institucionais que consegue arrebatar àquele que deveria ser o bolo geral, não é de forma alguma desinteressada, não representa em termos de escala o mesmo ganho que representaria se fosse disponibilizada através das IPSS - no nosso caso concreto o Centro Social e Paroquial de Alfena - essas sim verdadeiras especialistas e também verdadeiramente distanciadas da parte menos nobre da política.
Por cá, chegamos ao ponto da disputa mesquinha entre Câmara e Junta, neste caso concreto, na área da dinamização cultural - e não importa aqui sequer saber quem tem mais ou menos razão - por causa da gestão de uma Escola Senior e de uma Academia Senior que parece que concorrem entre si!
Entretanto, continuam a ser investidos meios materiais e humanos que são sempre escassos, nestas pequenas "quintinhas", em vez de os utilizar para celebrar ou reforçar protocolos com quem sabe fazer melhor, porque o faz há imenso tempo, na nossa terra.
Entretanto, continuamos a assistir à estranha miscelânea entre o papel desempenhado por uma Associação criada no âmbito da Junta, mas agora tem caracter privado, a quem foi atribuído recentemente o estatuto de IPSS - a AVA - e o pelouro social da Junta, os dois e concerteza por mero acaso, sob a responsabilidade da mesma pessoa que faz parte do executivo.
Entretanto, sempre que alguém pergunta sobre o tipo de protocolos estabelecidos nesta frente de trabalho e sobre o respectivo acompanhamento e nível de execussão dos mesmos, é olhado com desagrado, como se sindicar a utilização correcta dos meios destinados às ajudas sociais, fosse uma espécie de "defesa da sua extinção"!
Que tal e já que a AVA existe e tem até ao momento ao que nos dizem, desempenhado um papel meritório, especializar-se verdadeiramente no tipo de ajuda que quer e deseja prestar: deixar os apoios domiciliários e a ajuda alimentar, seja na forma de géneros seja na forma de refeições confeccionadas, para quem já o faz e bem, reforçando-lhe o nivel das ajudas, devidamente protocoladas - o CSPA - ponderando em contrapartida, o aproveitamento de todas as sinergias, na criação, na formação e na dinamização de um banco de voluntários divididos por especialidades, ajuda que às vezes representa um verdadeiro e significativo apoio para quem dele necessita e não dispõe de capacidade financeira para recorrer ao mesmo em termos de mercado de trabalho - electricistas, picheleiros, carpinteiros, serralheiros, pintores, etc. - a exemplo do que já vem sendo feito noutras autarquias?
Sendo a ajuda sempre escassa face ao agravamento das necessidades, ninguém tem o direito de dividir todos têm o dever de somar!