CÂMARA DE VALONGO - DISCRIMINAÇÃO NEGATIVA...
Há uma frase que li não sei onde e que cito de memória:
"Não dês a uns o que não possas dar a todos (em igual estado de carência). Quando muito, divide o pouco que tenhas por todos, mesmo que dessa divisão resultem apenas migalhas. Também neste acto os princípios contam".
Como já disse, não é minha esta frase, mas assinaria por baixo sem hesitar e aplicá-la-ia por inteiro à festa que está a ser promovida pela Vallis Habita - uma das empresas/problema da Câmara de Valongo - destinada às crianças dos bairros sociais nesta altura de Natal.
Ora bem! As crianças merecem todas o melhor e nesta altura de grandes carências que o País vive, existirão muitas - e não só em Valongo - que não vão ter o melhor, nem sequer o essencial. Isso nós sabemos e sabe a Câmara. Mas também sabemos todos, que nem só nos bairros sociais existem carências, nem só nos bairros sociais existem crianças infelizes e privadas do essencial, nem só aos bairros sociais se devem dirigir todo o tipo de apoios - de preferência, como já escrevi numa outra altura - canalizado por quem melhores condições tenha para prestar esses apoios (Centros Sociais, Centros Paroquiais e instituições similares - e temos felizmente várias no nosso Concelho).
Agora, numa altura em que a Câmara está como todos sabemos, falida, é injusto, é discriminatório, é gerador de animosidade é factor de infantil revolta, organizar este tipo de iniciativas tão direccionado (parece que afinal também podem participar os filhos dos funcionários, o que só agrava o problema) esquecendo toda a restante mancha de pobreza que sabemos existir na nossa terra.
Por isso, é que com esta minha mania de ser politicamente incorrecto, não posso deixar de criticar esta festa em que vejo tão empenhado o nosso vice presidente, ele que costuma estar mais atento a este tipo de "gafes". Acho que todas as crianças de Valongo mereceriam nesta quadra, passar uma tarde mais alegre do que as outras - às vezes elas alegram-se com tão pouco! - e talvez na divisão da alegria, na subtracção de prendas compradas na sociedade consumista, de que elas gostam sempre mas os pais às vezes criticam ainda por cima, no prescindir de grandes e pesadas estruturas logísticas, esteja o segredo. Há alguns Centros Sociais e/ou Paroquiais que o fariam seguramente melhor e em condições de poderem acolher a todas, desde que a Câmara se lembrasse de uma vez por todas que estas Instituições existem em vez de andar a concorrer com as mesmas na área do social onde essa concorrência não deveria existir.