HOSPITAL PRIVADO DE ALFENA - O FACTOR "C"...
Há situações que, tal como certos resíduos orgânicos em que por decência evitamos falar, têm o condão de atrair em número equivalente, moscas e mirones:
A inauguraçãozinha que ontem teve lugar, ali ao lado da rotunda do Megalito, com corta fitas, fotografias, palmadinhas nas costas, sorrisos de orelha e um número de "sotores" por metro quadrado nunca visto em terras de Alfena teve todos os ingredientes que seriam necessários, para que o insignificante arraial ganhasse vida própria e se transformasse em acontecimento mediático.
A imprensa, às vezes tão selectiva e tão crítica em situações bem menos criticáveis, ontem curiosamente nem sequer lhe ocorreu que estava a participar num acto ainda à margem da Lei e nem sequer lhe "cheirou a nada". Se calhar, ninguém os informou que o licenciamento da ARS-Norte ainda não tinha sido emitido, que provavelmente, as instalações ainda nem sequer foram vistoriadas pelo corpo de Bombeiros, que faltam algumas valências essenciais prometidas: um Serviço de Urgência, salas de partos, etc., etc., mas bolas! eles também não perguntaram!
Portanto, o ainda não licenciado Hospital Privado de Alfena, é desde o início do projecto, uma Unidade de Saúde que tem caminhado sempre nas "fímbrias da Lei" - se é que não o tem feito mesmo nas margens da mesma a acreditar na declaração de voto do Partido Socialista de há quatro anos, aquando da discussão do interesse público municipal deste empreendimento (Sessão do Executivo de 21/2/2008):
“ Perante a proposta apresentada ao Executivo de Atribuição do estatuto de interesse público municipal ao empreendimento em nome de Casa de Saúde da Trofa, S. A a construir em Alfena e atendendo a que:
1. O interesse público municipal não é um mero título honorífico ou de agraciamento mas, antes, uma qualificação suficientemente objectiva que há-de ser inerente a um concreto e imediato interesse público municipal que o destinatário satisfaça;
2. A declaração de interesse público é um acto administrativo que carece de fundamentação, que tem de ser clara, congruente e completa, sob pena de ilegalidade do acto;
3. No caso em apreço não está demonstrado, nem fundamentado, de que forma o empreendimento em causa vem a servir um interesse público imediato; 4. Outrossim, com a referida proposta, dela resultando claramente, pretende-se fazer uso de um mecanismo excepcional previsto no Regulamento do PDM, e autorizar, em violação dos limites de edificabilidade nele previstos, o que não é autorizado a qualquer outro investidor privado;
5. O uso de um poder discricionário para um fim diverso daquele que foi visado com a norma legal que o conferiu, configura um manifesto desvio de poder; 6. Antes mesmo desta proposta ser sujeita a votação, já o investidor em causa, a Casa de Saúde da Trofa, S. A apresentara, publicamente, o empreendimento, em clara violação do PDM, e num expresso desrespeito pelo Executivo desta Câmara. Os Vereadores eleitos pelo Partido Socialista votam contra a referida proposta.”
Bem sabemos, que a representação de então do Partido Socialista na Câmara de Valongo, não era a mesmo de agora - e como sabemos!
Não fora essa relevante diferença e Valongo talvez não estivesse na situação em que agora se encontra: prestes a "passar para além do fundo" onde já bateu faz tempo.
Aliás, se fosse a mesma de então a actual representação municipal do PS, a inauguração que ontem teve lugar, não teria sido seguramente "abençoada" por nenhum Vereador socialista!
Bem sabemos, que se o PS não tivesse degenerado de forma tão escandalosa em Valongo, Fernando Melo já há muito que estaria confinado a um "trono" semelhante ao da "rainha de Inglaterra" e com funções semelhantes à mesma, mas sem as mordomias da mesma.
E também sabemos que a corrupção não teria alastrado de forma tão galopante ao tecido do nosso município, qual monstruosa mancha de gordura que agora vamos ter de pagar para remover se é que o vamos conseguir, por mais vigor que consigamos imprimir à barrela.
Portanto, o que ontem aconteceu com alguns "patrocinadores", assumidos ou de ocasião, não passou de mais um triste episódio de falta de verticalidade política!
Talvez por isso mesmo - pela presença de tantas moscas à mistura com tantas figuras irrelevantes - se tenha feito notar mais a ausência de outras - Vereadores da Câmara, Deputados da Assembleia Municipal e das Freguesias, desde logo a "oposição que conta", da Assembleia de Freguesia de Alfena.
Claro que os que não foram, fizeram-no por opção assumida, dado que sendo um acto público, ninguém os impediria de estarem presentes, mas fizeram-no também, porque de uma maneira geral, a presença de muitas moscas é indício de uma atmosfera pouco saudável.
Mas houve uma ausência de entre todas, que se fez notar mais, talvez porque no início do processo de selecção de pessoal lhe tenha sido pedida a colaboração do Organismo de que é responsável:
O director do Centro de Emprego de Valongo.
Claro que aqui compreendemos o incómodo do grupo Trofa Saúde: a partir da altura em que prescindiu da colaboração do IEFP na referida selecção, em detrimento do factor "C" (para os menos familiarizados o palavrão, significa "factor cunha") - o amigo, o amigo do amigo, do sr. presidente, do sr, professor do senhor doutor - endereçar um convite ao responsável do IEFP de Valongo, seria no mínimo, interpretado como de muito mau gosto!