O ENIGMA DE ALFENA: NOVIMOVEST OU JERÓNIMO MARTINS?
Em boa verdade, ninguém sabe ainda qual vai ser a posição do Partido Socialista na próxima quinta feira dia 2 de Fevereiro, na reunião ordinária da Câmara, sobre a repescagem do relatório da consulta pública à excepção ao PDM (plataforma da Jerónimo Martins)...
Mas nunca será demais lembrar um "pequenino" pormenor neste processo que pode fazer toda a diferença: na altura de tomarem uma decisão - qualquer que ela seja - deverão ter presente que a excepção não é concedida à Jerónimo Martins, um grupo importante no contexto das empresas nacionais, que dá emprego a mais de 20 mil trabalhadores no País - pese embora o facto incontornável, de sabermos que cada emprego gerado nos grandes grupos de distribuição, destrói uns quantos na pequena concorrência tradicional.
O que vão decidir, é premiar o grupo Novimovest - o mesmo que está por detrás no mega processo de especulação com aqueles terrenos, o mesmo que atentou contra as leis do País, alterando de forma brutal e nalguns casos irreversível, o perfil daquela vasta área, terraplanando, entubando ribeiras, alterando o curso de linhas de água, tudo isto, sem qualquer autorização e sem que a Câmara tivesse "dado por nada", tivesse levantado um auto, tivesse aplicado uma coima.
Este grupo, detido pelo Banco Santander, é e será o dono de toda aquela vastíssima superfície terraplanada a que alguns chamam por graça o "novo aeroporto internacional de Alfena", sendo que a Jerónimo Martins será a detentora do direito da fracção a destacar, durante um determinado número de anos. E mesmo esse período, não é líquido que não possa ser interrompido a qualquer momento, se por razões de interesse fiscal ou de custos da mão de obra, o grupo decidir deslocalizar-se para outro País qualquer onde o peso destes factores seja menor - como o fez recentemente com a mudança da sua sede para a Holanda!
Se o fizer, não vai manter a plataforma de distribuição a muitas "milhas náuticas" de distância nem ajudará a obter passaporte de emigrantes para os seus trabalhadores.
Vamos pois ser claros quanto a isto e "chamar os bois pelos nomes", porque é assim que deve ser feito e fica sempre bem fazê-lo!
Depois, também fica bem recordar como é que aquela excepção, que há cerca de dois meses foi posta a consulta pública, foi aprovada no mandato anterior de Fernando Melo: 2 votos a favor e 7 abstenções (incluindo a maioria dos vereadores da maioria - passe a redundância).
É que no momento da "repescagem" do Relatório da consulta pública, estas questões vão ser seguramente "varridas para debaixo do tapete" - para facilitar o voto - nomeadamente, evitar-se-á falar no "caso de polícia" da Novimovest, evitar-se-á falar nas participações ao Ministério Público sobre o assunto, evitar-se-á falar das incongruências e da sonegação de elementos essenciais no Processo Administrativo da nova Carta REN de Valongo, da falta de informação sobre o estado actual do processo de revisão do PDM, da (conveniente) alteração da posição da CCDR-N, que passou de "oposição militante" em relação à desclassificação daquela área a colaboradora activa na consensualização das pretensões da Câmara.
Por último, importa realçar que Valongo não tem uma ideia de desenvolvimento para o Conselho. Surge um investidor com uma ideiazinha, pede uma excepção ao PDM e se for do grupo dos amigos, concede-se-lhe a concretização do desejo, depois surge um outro, com outra ideiazinha, provavelmente até menos "inha" do que a do anterior, mas porque está na "lista negra" chapa-se-lhe com o carimbo de indeferido e andamos nisto!
É portanto, de uma mudança de paradigma que Valongo necessita, mas isso todos sabem, todos, menos Fernando Melo e quem o suporta - ou apenas o ampara!