DIÁLOGOS IMPROVÁVEIS - NÃO ESTIVÉSSEMOS EM VALONGO!
Personagem 1: O autor deste Blog, a seguir designado por "Um"
Personagem 2: João Paulo Baltazar, vice presidente da Câmara de Valongo, a seguir designado por "Dois"
Enredo: Regimento da Câmara - necessidade da sua reformulação, sucessivamente adiada
Local: Junto à mesa, lado esquerdo vista do lado do público, no final da reunião pública de hoje
Um: "blábláblá"...
Dois: "blábláblá"...
Um: "Então o Regimento? Está para quando a sua alteração? É que a última previsão, era 'mais ou menos daqui a quinze dias' e isso já foi há mais de um ano!" (isto tinha a ver com episódios anteriores de recusa da palavra desde que não fosse na primeira reunião do mês...).
Dois: "Meu caro, você não precisa de estar tão preocupado com o Regimento e com o ponto reservado ao público, porque pode fazer-nos todas as perguntas por carta, fax ou e-mail e nós responderemos sempre!"
Um: "Pois sim, mas eu prefiro sempre fazê-las em público!"
Dois: "Eu sei que você gosta muito de falar em público, mas olhe, dou-lhe uma sugestão: candidate-se e se ganhar pode falar as vezes que quiser."
Um: "Tenho que levar isso à conta de uma pequena brincadeira, porque senão, seria uma provocação, o que implicaria um comentário menos agradável da minha parte. É que se a Câmara pretende que os cidadãos participem mais na vida da sua autarquia, se a Câmara tem interesse em que estas reuniões tenham cada vez mais público presente, como é que isso se concilia com o facto de não se lhes dar a palavra?"
Dois: "E quem é que lhe disse que a Câmara tem interesse na presença cada vez maior do público?"
Um: "??????"
Dois: "Exactamente! E digo-lhe mais, mesmo que o Regimento venha a ser alterado (no seu artigo 12º, que é o da intervenção do público) nunca nos passou pela cabeça que o público possa intervir em todas elas!"
Um: "?????!!!!!! Mas isso tem imensa piada - ou nenhuma, vendo melhor as coisas! Não se pretende a presença do público, mas se ele vier, que fale o menos possível. Mas então... se calhar, nem vale a pena mexer no tal artigo 12º!
(Neste último comentário, já estava a falar comigo próprio, porque o nosso vice e futuro provável - ou improvável - candidato a presidente de Câmara, já se tinha voltado para o lado para cumprimentar outro dos presentes e engrenar noutro assunto.
Isto está bonito está!
Por este andar e já que o plano do governo para a extinção de freguesias afinal também vai incluir Valongo, para onde se prevê um máximo de três (a informação foi dada pelo próprio vice no decorrer da reunião), se calhar o melhor seria mesmo começarmos a pensar extinguir a própria Câmara - fundindo-a com a de Santo Tirso, Gondomar, Maia, entre outras.
Para além de pouparmos uma pipa de massa, reduziríamos o relativamente restrito grupo das "pequenas ditaduras de excelência autárquica" que a todos nos envergonham e nos deixam para além do mais, cada vez mais pobres em cada dia que passa.
Há quem defenda que os termos "ditadura" e "excelência" não são ão totalmente incompatíveis.
Nada de mais errado e eu, que procuro exercer no meu dia a dia a nivel do nosso burgo, o meu direito a uma plena cidadania sei-o, com saber de experiência feito, que essa compatibilidade não é possível, quando me cruzo todos os dias com um dos muitos pequenos ditadores que nos vão incomodando, envergonhando, estorvando e barrando o acesso ao futuro.
Se o pretendente ao carunchoso trono de Valongo, se apresenta com esta pedalada democrática - "E quem é que lhe disse que a Câmara tem interesse na presença cada vez maior do público?" - mesmo sem ter sido ainda indigitado pelos seus partidários pares concelhios, então o PSD tem de se cuidar! Provavelmente e de uma forma inesperadamente mais fácil do que seria previsível, aquela mesa onde os interesses de Valongo têm fervido em lume brando, se não acontecer a tal extinção, passará a ter num futuro mandato, uma rosa com alguns espinhos no centro do arranjo floral.