HINO DE CAXIAS
Longos corredores em trevas percorremos
Sob o olhar feroz dos carcereiros
Mas nem a luz dos olhos que perdemos
Nos faz perder a fé nos companheiros
Vá camaradas mais um passo
Já uma estrela se levanta
Cada fio de vontade são dois braços
E cada braço é uma alavanca
Oiço ruírem os muros
Quebrarem-se as grades de erro da nossa prisão
Treme, carrasco que a morte te espera
Na aurora de fogo da libertação
Cortam o sol por sobre os nossos olhos
Muros e grades fecham horizontes
Mas nós sabemos onde a vida passa
E a nossa esperança é o mais alto dos montes
Podem rasgar meu corpo à chicotada
Podem calar meu grito enrouquecido
Para viver de alma ajoelhada
Vale bem mais morrer de rosto erguido
PS:
A falta de vergonha tem limites, mas quando essa falta de vergonha invade o espaço da legalidade garantida pela Constituição da República, então é preciso que as vozes dos que não estão de acordo, se levantem, protestem e mais do que isso, exijam a punição dos criminosos desta nova geração de defensores do "Estado Novo" - que como sabemos, não tem nada a ver com a necessidade de um novo Estado, mais justo e menos submisso aos interesses desta Europa colonial.
Uma coisa, é removerem-se os sinais de homenagem ao ditador - nomes de ruas, estátuas, nome da ponte que mandou construir em Lisboa - e em relação a isso pode até admitir-se alguma controvérsia - outra bem diferente, porque ilegal, ofensiva e desrespeitadora da memória dos muitos que tombaram por ordem do carrasco, é prestarem-lhe novas homenagens, erigirem-lhe novas estátuas, rotularem com o seu execrável nome, uma qualquer garrafa contendo um produto a que até podem chamar vinho, mas que terá sempre um intenso sabor a sangue!
O presidente da Câmara de Santa Comba com a sua empáfia bacoca, até se pode achar no direito de ofender a Constituição e os portugueses - talvez por considerar que Santa Comba é um enclave com autonomia própria - mas a verdade é que não tem esse direito nem os portugueses algum dia lho darão, porque Santa Comba Dão não é um um "estado novo" dentro do Estado que tem o nome de Portugal!
Pena é que só venha a descobrir isso tarde demais, quando o vinho que pensa produzir, jorrar pela calçada, tal como o sangue jorrou nos tempos do seu ídolo!