REN #1 Alfena mudou muito nos últimos anos. Da freguesia rural há cerca de duas décadas, os 21 lugares em que se divide o seu território de 15.200 habitantes (2011) foram evoluindo de forma algo assimétrica até ao presente, adquirindo o estatuto de vila em 30 de Junho de 1989 e tendo ascendido à categoria de cidade em 6 de Abril de 2011. Periférica e encostada ao gigante Porto, não conseguiu escapar aos constrangimentos de um aglomerado dormitório, mas tal como as medalhas têm dois lados, se um deles constituiu um handicap o outro mais positivo, ajudou-a a ultrapassar carências, a melhorar acessibilidades, transportes, alguns serviços, a atrair alguma indústria, a alargar a rede de saneamento básico e de abastecimento de água e a vestir-se de forma mais citadina. Porém, possuidora (ainda) de vastas áreas rurais protegidas - a REN (Reserva Ecológica Nacional) - representa uma tentação demasiado forte para os especuladores, que vêm aqui uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil através do tráfico de influências junto da Câmara e de alguns autarcas corruptos com quem dividem as astronómicas mais valias geradas com a passagem de áreas REN para áreas edificáveis. O exemplo mais mediático é o dos famosos terrenos da zona dos 5 Caminhos, comprados por 4ME e vendidos no mesmo dia por 20ME, que está neste momento a ser investigado pelo Ministério Público - um imenso garimpo que se mantém activo e de onde sairá ainda muito ouro! REN #2 Esteve em consulta pública (pouco divulgada, como convinha) o projecto da REN (Rede Eléctrica Nacional) de aumento da tensão da linha Recarei - Vermoim 3 que atravessa Alfena – e também Campo e Sobrado – de 220 para 400 KVA. Tudo bem. A energia faz falta, as dezenas de tomadas que existem numa habitação vulgar para alimentar uns quantos aparelhos e utensílios sem os quais já não conseguimos viver não são adornos e têm de estar sob tensão. Agora, fazê-lo da forma habitual e perfeitamente terceiro-mundista, sem preocupações de ordem estética e/ou ambiental, recusando-se a atender às preocupações cada vez maiores das populações com a sua saúde eventualmente afectada pelas ondas electromagnéticas, nas zonas atravessadas pelo autêntico estendal de que Alfena deve ser um dos mais flagrantes exemplos, isso já é demais! Os lucros astronómicos que anuncia em cada ano, obrigam a REN a escolher, não a solução mais barata mas sim a melhor e a que melhor sirva os interesses dos cidadãos e essa é, regra geral, a do enterramento das linhas. A REN habituou-se, quase sempre com a conivência do poder central e local, a tratar os portugueses de forma displicente, comportando-se como se fosse a dona do território e do espaço aéreo até à altitude das rotas dos aviões. Esperemos que desta vez as populações possam ter o apoio da Câmara, que aprovou há dias por unanimidade uma recomendação para que a REN a faça as coisas da forma certa. Estamos fartos de estendais onde nem sequer se pode pendurar a roupa a secar.
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