ARGUIDO...
Finalmente, tive a minha "primeira vez"!
Qualquer ser humano em idade adulta, mesmo que não o demonstre explicitamente, sente sempre alguma frustração por, neste País de arguidos por tudo e por nada - uns por roubarem apenas uma lata de salsichas, outros por roubarem a própria fábrica das mesmas (sendo que só os primeiros costumam ter razões para temer uma condenação de facto) - não ter uma vez que seja, sido convidado com todo o formalismo que o estatuto de arguido sempre nos confere, a comparecer perante o Ministério Público.
Confesso-o hoje pela primeira vez, era uma espécie de trauma que me fazia sentir de alguma forma, um ser inferior...
Tive hoje o anúncio de que afinal me vai ser concedida essa subida honra. E digo honra obviamente, porque não tendo na minha história de vida nenhum acto de que me possa envergonhar, não tendo a pesar-me na consciência nenhum crime - nem sequer de ter tentado alguma vez enganar o Ministério Público ou dificultar-lhe o seu trabalho, com a finalidade de me eximir a eventuais responsabilidades - só posso assumir uma postura de colaboração total comparecendo perante o mesmo conforme intimação hoje recebida - na qualidade de arguido e que reproduzo abaixo.
Presumo - como já referi anteriormente, não roubei a tal lata das salsichas e muito menos a fábrica das mesmas - que o assunto tenha a ver com uma inusitada acusação que me foi feita por Fernando Melo, presidente do executivo da autarquia de Valongo, numa das últimas reuniões públicas deste Órgão: "vou colocar-lhe um processo judicial por me ter chamado vigarista na última reunião de Câmara".
Passando por alto sobre a pequena imprecisão de que na tal reunião anterior não tinha havido intervenção do Público - detalhe que se releva, porque o senhor afinal já não vai para novo - nem na que ele referiu nem em nenhuma outra eu teria o atrevimento de lhe atribuir de forma tão explícita uma acusação que não pudesse provar - e mesmo assim, não sei se o faria naquele contexto.
As vigarices, quando se conhecem e podem ser provadas, participam-se... exactamente ao Ministério Público!
Por isso requeri - ver também documento abaixo - no dia 8 de Março de 2012, no Gabinete do Munícipe, os elementos essenciais que comprovam que sua excelência teve uma momentânea e natural confusão (talvez alguém de fora lha tenha induzido sem lhe explicar todos os pormenores) e nada mais que isso.
Curiosamente - e isto é um verdadeiro exemplo da falta de respeito que sua excelência tem para com a maioria dos munícipes e para comigo de forma especial - recebi primeiro a Notificação do MP, do que os elementos solicitados à autarquia e que me permitirão dirigir-me ao meu advogado na posse de todos os detalhes imprescindíveis à preparação da minha audição como arguido!