POR UM NOVO 25 DE ABRIL!
Não foi para 'isto' em que transformaram o nosso querido rectângulo, que os heróicos militares de há 38 anos atrás, abdicaram de uma noite repousada!
Não foi para encherem as prateleiras do poder, de sabujos e comedores de OGE (orçamento geral do Estado) que Salgueiro Maia se conteve - e aos seus - até ao limite, evitando o descambar dos acontecimentos para extremos onde sabendo-se como se entra, nunca se sabe como se sai.
Não foi para comprar submarinos e aviões topo de gama - para os quais agora não temos sequer dinheiro para pagar os 'sobressalentes' e fazer os upgrade tecnológicos imprescindíveis - que as praças se encheram de Povo logo a seguir e igualmente oito dias depois, naquele 1º de Maio memorável!
Não foi para vermos o 'IMC' (índice de massa gorda) dos políticos a disparar para números inimagináveis.
E a 'massa gorda' dos políticos é, como todos sabemos, muito mais letal (para o povo que eles cavalgam) do que aquela de que com algum esforço me procuro libertar, embora esta só me prejudique a mim próprio.
Não foi para vermos a desigualdade feita regra - uns quantos têm tudo aquilo que falta a quase todos - nem para ver os defensores do paradigma da 'democracia representativa' que os heróis de Abril generosamente lhes colocaram nas mãos, a usarem-na no sentido absolutamente inverso do pretendido:
("Eu prometo-te o céu se me deres o teu voto - uma vez, duas vezes, muitas vezes (vezes demais durante estes 38 anos!). E de cada vez que eu te prometer isso, tu deves fingir que acreditas que eu te estou a dizer a verdade!
Depois, deves fingir igualmente que ainda não te apercebeste de que eu tenho caminhado ao longo destas quase quatro décadas montado na tua cerviz!").
Estas basicamente - com pequenas nuances - têm sido as regras do 'jogo' que todos os políticos nos têm imposto e nós temos, uns mais passivamente do que outros, mas nunca ultrapassando as barreiras do que se exige a um 'obediente servidor', permitido que prevaleça SOBRE OS PRINCÍPIOS DE ABRIL.
Estamos fartos deles todos!
No Parlamento, na Presidência da República, nos Tribunais, nas Câmaras Municipais, nas Juntas de Freguesia - e nos restantes Órgãos autárquicos - estamos fartos de colidir diariamente com o seu 'índice de massa gorda' de vermos a nossa imagem de revolta devolvida pelo brilho reluzente dos seus carros topo de gama pagos por todos nós, de queimarmos os nossos neurónios a fazer contas de cabeça para calcular quantos pacotes de arroz, quantos quilos de pão, quantas caixas de fruta, quantas boiões de papa para bebé poderiam ser comprados com o que custa cada um desses popós.
Quantos hectolitros de sopa quente, quantas mantas, quantas torradas, quantos litros de leite quente com cevada poderiam distribuir-se aos milhares de sem abrigo.
Quantos cabazes de ajuda alimentar, quantos pequenos almoços e almoços escolares. Quantos isto, quantos aquilo...
Quantos demais para continuarmos pacificamente a ser cavalgados pelo monstro!
Amanhã, tal como a Associação 25 de Abril já disse não há nada para comemorar.
Talvez houvesse muitas desigualdades para derrubar, mas para isso, é preciso ainda que os humilhados e ofendidos consigam dar as mãos, gerando a indispensável corrente de energia para o fazer e isso infelizmente também tem (ainda) de ser construído e solidificado!