VALONGO DOS HOMENS LIVRES...
Já hoje (ontem) aqui escrevi sobre a libertação de Valongo da incómoda carga que Fernando Melo representava desde há muito tempo a esta parte.
Como todos os presentes pudemos constatar, apesar do notório esforço de mobilização feito pelo 'aparelho', não foi possível filtrar a entrada para que apenas os 'atentos, veneradores e obrigados' pudessem estar presentes em lugar de destaque no 'sentido adeus ao querido lídere'.
E isso notou-se na altura dos aplausos, com os funcionários presentes em número significativo - dispensados do serviço? - e mais uns quantos a levantarem-se ao sinal do novo chefe, para as palmas do aconchego enquanto os restantes, se mantinham obviamente sentados.
Uma atitude lógica e em linha com o percurso autárquico de Fernando Melo que nunca fez por merecer aplausos genuínos.
Fernando Melo nunca foi uma figura capaz de suscitar consensos potenciadores dos mesmos e por isso, todos aqueles que conseguiu coleccionar, tiveram sempre aquele toque inconfundível dos chamados 'puxa-sacos' - um tipo de pessoas que aplaude sempre em bicos de pé para que o aplaudido os veja e possa retribuir em conformidade.
Também hoje foi assim, com uma pequena diferença: a retribuição eram neste caso os aplausos, pelos favores recebidos do querido lider, ou simplesmente porque os chefes estavam lá para os contabilizar e registar para uma futura avaliação.
Só os livres de pensamento e de vínculos profissionais ou partidários puderam fazer o que se impunha que fizessem: assinalarem - pelo silêncio e pela recusa da subserviência de se levantarem - a saída de cena de um autarca que nunca foi para Valongo 'a solução' mas sim 'o problema'.
O silêncio ruidoso e cheio de simbolismo, foi demasiado ostensivo para não se notar.
O número de indiferentes sentados foi demasiado visível para não ser captado pelas câmaras dos jornalistas.
Foram gestos plenos de simbolismo - uma espécie de 'retribuição' por omissão, dos homens livres a quem o 'machado' que Fernando Melo sempre manejou de forma selectiva e maldosa, nunca conseguiu - para usar a linguagem musical e poética de Manuel Freire - 'cortar a raiz ao pensamento'!
Tecer louvores que não correspondem ao que sentimos, relativamente aos ditadores, só mesmo no funeral dos ditos - e felizmente apesar de tudo, não era esse o caso de hoje!
publicado às 01:01