SALVEM A JUSTIÇA!
Se há coisas com as quais eu não convivo nada bem na área da Justiça, uma delas é o facto da maioria daqueles que fazem as leis 'trabalharem' em causa própria e quase sempre à medida dos ilegítimos interesses dos seus amigos e clientes - e muitas vezes dos grandes escritórios de advogados - que os 'plantam' no Parlamento já com missões bem definidas e detalhados 'cadernos de encargos' para serem executados ao mais ínfimo pormenor.
Já não bastava aos cidadãos comuns para quem a Justiça é a última esperança de uma solução justa para os seus problemas terem de conviver com juízes ineptos, relapsos, injustos que a transformam no contrário daquilo que eles esperam dela e terem ainda de assistir ao uso e abuso de esquemas dilatórios, como no caso de Isaltino Morais, de Domingos Névoa, provavelmente também do caso de pedofilia da Casa Pia, da 'operação furacão', da 'operação monte branco' o caso do arquitecto Vitor Sá na Câmara de Valongo e outros, que de recurso em recurso, de expediente em em expediente, lá vão avançando paulatinamente até à prescrição final.
O último foi exactamente o de Domingos Névoa (administrador da Bragaparques) que agora vê cair - por prescrição - a condenação decidida pelo Supremo Tribunal de Justiça em 20 de Janeiro último.
Nada como ter um competente advogado como Artur Marques - o mesmo que defendeu Fátima Felgueiras e conseguiu a sua absolvição em todos os processos de corrupção em que era acusada 'e cujo odor chegava aos Montes Urais' - e ter obviamente dinheiro bastante, para que este consiga sacar de forma hábil, fazendo uso até à exaustão, de todos os estratagemas previstos pelos legisladores, a 'santa prescrição'. Domingos Névoa sabia-o e por isso, ao contrário dos criminosos comuns, nunca esteve 'em sofrimento'!
É isto que 'mata' verdadeiramente a Justiça e contribui para que cada vez mais injustiçados equacionem - obviamente mal - o recurso à 'justiça popular'.
Dizem que a ministra da Justiça e o governo estão a trabalhar arduamente para pôr cobro a esta vergonha, a este cancro que corrói por dentro, séculos de civilização e nos faz correr o risco de regressarmos de novo às arenas com a turba exaltada a exigir sangue e os condenados pendentes da forma como o 'juíz' lá em cima na tribuna colocar o polegar direito - ou esquerdo, se for canhoto!
Mas é bom que o façam depressa e salvem a Justiça do regresso aos processos da Roma antiga, retirando definitivamente das mãos dos 'criminosos' - com toga, sem toga, ou de fato azul na 'casa dos 230' - o 'poder soberano' de atentarem diariamente contra um órgão de soberania que deveria estar acima de todo este jogo sujo de interesses clientelares.