CÂMARA DE VALONGO - VEM AÍ O 'CSI'...
AUDITORIA ORIENTADA AO ENDIVIDAMENTO MUNICIPAL...
É esta a designação oficial para a operação a cargo da 2ª Secção do Tribunal de Contas, abrangendo o período de 01-01-2007 a 31-12-2011.
Como está previsto no 'caderno de encargos' já remetido à autarquia - e também já do conhecimento de todos os eleitos, pelo menos dos actuais - incluem-se todos os serviços e empresas municipais, bem como todos os eleitos no período de referência.
Dizem as más línguas que terá sido mais o 'pressentimento' daquilo que se avizinhava - o vento soprando de Sul deve ter antecipado a notícia - a convencer Fernando Melo a abdicar e menos os alegados cansaço e problemas de saúde. É que aquela casa tem tantos recantos e uma imensidão tal de 'armários' que é humanamente impossível fazer desaparecer todos os 'esqueletos' que por ali se escondem - para além do muito 'lixo' acumulado por debaixo dos fofos tapetes - antes da chegada dos ilustres visitantes. Mas mesmo que o conseguissem, o odor a matéria em decomposição tem características muito peculiares que dificilmente escaparão aos narizes superdotados dos inquiridores, conduzindo-os inevitavelmente ao local para onde eventualmente tentem mudá-los.
Obviamente que Melo sabe que também vai ser inquirido e seguramente, nesta fase do processo sem assessores para o ajudarem nas respostas mais convenientes, vai correr sérios riscos de 'tropeçar' nalgumas delas.
Obviamente, que José Luís Pinto também o irá ser e terá certamente respostas curiosas a dar sobre o favorecimento ilícito à NOVIMOVEST e ao enriquecimento ilícito com a especulação na compra e venda dos terrenos onde pretendiam construir a tal zona industrial de Alfena (quem não se lembra de um lucro de 16 milhões obtido com a compra e venda dos mesmos num único dia?), ao grupo Trofa Saúde (quem não se recorda do caso do piso a mais no Hospital Privado de Alfena?), à Marcelo Peixoto & Irmão (onde foram postas em causa decisões judiciais em prejuízo de outros munícipes) e tantos outros casos, onde a Câmara favoreceu, descriminou e onde abdicou em muitos casos de coimas volumosas que deveria ter aplicado.
Obviamente ainda, será ouvido o ex-vice presidente de Fernando Melo no mandato anterior, João Queirós e que esteve contra muitas das opções erradas do chefe e por isso abandonou o cargo incompatibilizado com ele.
Obviamente, será ouvido também o director do departamento de Urbanismo condenado em primeira instância a uma significativa pena de prisão (em recurso) num processo de corrupção e que mesmo assim, se mantém no lugar, como se nada tivesse ocorrido.
E obviamente e por último, serão ouvidos também os eleitos da oposição que têm seguramente também, coisas interessantes para contar sobre a 'gestão danosa' de que Fernando Melo andou a ser acusado durante tanto tempo, com ameaças concretas de ser levado mesmo a tribunal, mas que por uma razão ou por outra, nunca se concretizaram.
Fica aqui um conselho aos ilustres auditores incumbidos desta missão ingrata - na parte que toca a Valongo: Venham munidos do tipo adequado de EPI (Equipamento de Protecção Individual), pois aquilo com que vão ter de lidar, inclui muita 'matéria orgânica' e demasiados 'produtos tóxicos e perigosos' acumulados durante o período sobre o qual se vão debruçar.
Claro que seria demasiada pretensão da minha parte, sequer sugerir assuntos para serem averiguados, até porque certamente os ilustres auditores já terão ouvido falar no 'paradigma dos ajustes directos' - só aqui (na Base) terão um manancial de assuntos relevantes para aprofundar a questão do endividamento - e de quem sempre os costumava ganhar, isto ainda na altura em que a Câmara ainda conseguia endividar-se, na questão do abastecimento de água a Ermesinde e na maneira como os fundos comunitários foram geridos para realizar o 'milagre' de que Melo tem tanto orgulho em falar, na 'bandeira' da requalificação do parque escolar onde se torrou o que havia e o que se sonhava que iria haver, na polémica construção do estádio municipal onde para se 'levar a água ao moínho' quase se chegou a promover o 'linchamento' da oposição só por ter criticado a forma como o assunto estava a ser conduzido, na 'burla' da Quinta do Bandeirinha em Alfena, em conluio com o grupo Eusébios, e em muitos outros assuntos igualmente escaldantes.
Ah! e claro que os auditores também terão ouvido falar na 'grande família' que parte do quadro de pessoal da Câmara literalmente representa para Fernando Melo, à custa de processos concursais cheios de 'especificidades', para que ela se fosse alargando cada vez mais em desfavor de muitos outros que por mais que tentassem tinham sempre 'nota negativa' por parte do 'específico' Júri.
Tudo coisas para irmos acompanhando com interesse agora que o processo está finalmente oficializado e em curso. Os auditores do Tribunal de Contas podem não ter um trabalho fácil pela frente, mas que os valonguenses se vão sentir especialmente felizes por os verem por aqui isso vão. Nada como ver as Instituições em que ainda vamos acreditando a funcionarem e a cumprirem o seu papel.
E esta é quase uma missão de 'saúde pública'!