ESTE MUNDO NÃO É PARA AMIGOS...
Este mundo em que vivemos, é cada vez mais exigente e intolerante com os nossos ritmos pessoais, obrigando-nos tantas vezes a abdicar de nós próprios, dos nossos momentos de lazer, de criatividade (artística, literária ou de qualquer outro tipo) dos nossos intervalos de relax, da nossa solidão - que nem toda a solidão é má e às vezes, precisamos mesmo de estar sós.
Mas a maior de todas as crueldades é aquela que nos impossibilita - pelo menos tantas vezes quanto desejamos e necessitamos - do convívio com os amigos. Eles são o nosso bem mais precioso a preservar, eles são a nossa 'família alargada', complementando-a, quando não a substituem mesmo, eles são tantas e tantas vezes, o nosso suporte anímico, o ombro que suporta a nossa cabeça transformada em tristeza, a mão que nos estende o lenço que seca as nossas lágrimas contidas pela barreira de força da nossa mente, pela couraça com que as emparedamos.
Quando a família, com a melhor de todas as intenções te aponta os 'seus' caminhos, os amigos escutam as dúvidas que tens sobre os teus.
Quando a família, com a melhor de todas as intenções se sente na obrigação de te dizer 'alguma coisa' - "não te preocupes, isso vai-se resolver, amanhã já estarás bem" e coisas assim - os amigos ouvem-te, deixam que que libertes tudo o que te vai na alma, sabendo que o seu 'silêncio presente' é quase sempre o melhor dos lenitivos.
Quando a família, com a melhor de todas as intenções te tenta levantar do chão, os amigos optam quase sempre por se sentarem ao teu lado, enquanto se opera a transfusão da sua reserva suplementar de energia que juntando-se à que te resta, te garantirá a autonomia e o ânimo para te levantares por ti próprio - eles manter-se-ão no entanto a postos para te amparar se porventura não o conseguires.
Os amigos não tentam pegar em ti ao colo - mas mantêm-no disponível se tu o procurares - estão sempre presentes com a sua solidária e propositada discrição.
Este mundo agitado, que exige de nós que cometamos todos os excessos, que nos obriga tantas vezes a ultrapassar os nossos humanos e naturais limites, este mundo desumanizado e impessoal de competição sem metas - ou com metas que nunca alcançaremos, porque estão sempre equidistantes em relação ao nosso ânimo para as alcançar - este mundo não é para amigos é para competidores ferozes e eu não gosto de um mundo assim - porque prefiro ter amigos!