A CRISE...
Vivemos tempos difíceis que alguns - talvez para facilitar o entendimento - designam de forma algo imprecisa por 'CRISE'.
Nestas alturas costumam medrar inúmeros focos infecciosos de etiologia distinta - sim, porque esta não é 'a crise' mas apenas mais uma entre as muitas que já tivemos - sendo que cada um deles conjugado de forma premeditada ou não, contribui para o avolumar da 'bola de neve' que irremediavelmente nos há-de conduzir um dia à trágica avalanche social, moral, ou mesmo civilizacional.
Não fazem (felizmente) parte da nossa tradição de pequeno País do Sul da Europa, aqueles folclóricos pregadores de rua anunciando o dilúvio final se não nos ajoelharmos para rezar a um Deus qualquer, se não seguirmos no fim do dia de trabalho - aqueles que o têm - para um qualquer templo de oração se não entrarmos numa qualquer 'corrente de energia' para esconjurar o mal causador de tudo isto. Mas poupados que somos ao 'massacre' destes vendedores da banha da cobra e de deuses a preço de saldo, restam-nos os comentadores televisivos, radiofónicos, os escrevedores de colunas de opinião, todos eles 'especialistas' em análise de crises, mas curiosamente também, todos eles a leste das razões históricas e mais ou menos remotas que a elas nos têm conduzido.
Por mim que não sou especialista neste tipo de análises a partir do sofá, não acredito em milagres de nenhum tipo e muito menos naqueles que visem corrigir as maldades dos homens. Se milagres houvesse, eles deveriam começar por impedir que este projecto idiota que vingou numa Europa que se pretendia dos cidadãos mas que se contentou em ser apenas do capital se tivesse mantido a cavar durante tantos anos a vala comum para onde os buldozer nos vão atirar um dia destes.
E para desconsolo de muitos teóricos que gostam muito de atribuir a estas desgraças uma relação directa causa/efeito entre a existência de diferentes regimes, que eles com toda a sua sabedoria catalogam ideologicamente - socialistas democráticos, totalitários, liberais, neoliberais, etc., etc., - esta crise trocou-lhes literalmente as voltas:
Qual 'ovo de colombo' ela é apenas o resultado da convivência conflituosa - no presente elevada ao extremo - entre ladrões e vítimas, sendo que do lado dos maus e sem qualquer distinção relevante entre eles, está o poder financeiro de que os governos são apenas a face mais visível e do lado dos roubados, estão os cidadãos individuais e as empresas de maior ou menor dimensão - aquelas que se regem por métodos socialmente validados desde há muitos anos, que também existem as outras que têm 'pontos de toque' com o 'covil dos quarenta'.
Enquanto não alterarmos a relação de forças entre os dois lados, enquanto não transformarmos um ou vários desses espaços designados por offshore, em espaços prisionais gigantes com capacidade para internar os '40 elevados à décima potência', nada será resolvido.
Ah! E não pode ser com base nos métodos actuais! Fafe talvez nos ajude - e à Europa - a encontrar o caminho...