CÂMARA DE VALONGO - JOGOS DE ESTRATÉGIA...
Mantenho em 'PAUSE' o assunto PDM, para escrever sobre as atribulações da reunião de Câmara que hoje ocorreu e que vieram tornar clara - esta é uma interpretação muito pessoal que faço questão de partilhar - a gestão tacticista que o presidente já vai introduzindo neste seu final de mandato, mas com os olhos postos no eventual próximo.
Na sua preocupação de confortar a parte da oposição que menos o incomodará no seu projecto futuro - se é que podemos falar apenas em 'ausência de incómodo' - o presidente de Câmara esteve hoje prestes a dar um lamentável 'tiro no pé' que ou muito me engano, ou marcaria irremediavelmente e de forma irreversível a sua capacidade de se apresentar perante sua estrutura concelhia como um candidato ganhador.
Refiro-me á sua transigência em aceitar um pedido de agendamento para um ponto específico: 'PROPOSTA DE REVOGAÇÃO' de uma deliberação sobre um vereador a tempo inteiro tomada em 2009 - gesto claramente interpretado como uma espécie de 'aconchego' para com os vereadores da Coragem de Mudar, Maria José Azevedo e Pedro Panzina, que na anterior reunião levantaram um incidente sobre a substituição do Dr. Arnaldo Soares, que como todos sabemos, se demitiu recentemente, pelo Dr. Sérgio Sousa.
Há pessoas com uma espécie de 'tendência congénita' para complicar o que é simples e pelo menos neste caso, o Dr. João Paulo Baltazar evidenciou indícios desse 'problema'.
Concretizemos:
Em 4 de Novembro de 2009, por proposta do Dr. Fernando Melo, foi proposto um vereador a tempo inteiro para além dos dois que a lei permite ao presidente nomear.
Na deliberação referia-se um vereador - não se indicando um nome concreto - e acrescentava-se que seria para o mandato 2009/2013.
Essa deliberação foi aprovada por maioria, apenas com a abstenção dos vereadores do Partido socialista, sendo curioso o pormenor do voto favorável da Drª Maria José Azevedo e do Dr. Pedro Panzina, quando não o sendo referido expressamente, se sabia já que esse vereador seria o Dr. Arnaldo Soares, personalidade bem conhecida em Alfena - pelos piores motivos - quer por parte da Coragem de Mudar, quer ainda pela própria estrutura local do PSD!
O Dr. Arnaldo Soares manteve-se a tempo inteiro até o Dr. Fernando Melo lhe ter 'retirado o tapete', facto que determinou o seu posterior pedido de demissão.
Ora na reunião anterior de Câmara, o Dr. Pedro Panzina, questionando a legalidade do despacho de nomeação de um outro vereador a tempo inteiro para o substituir, até facilitou as coisas para o lado do presidente, sem que fosse evidentemente essa a sua intenção: "O senhor presidente fará o favor de colocar à votação o seu despacho de substituição do Dr. Arnaldo pelo Dr. Sérgio Sousa. Nós convivemos bem com uma eventual derrota da nossa posição".
O presidente não o fez - não tinha de o fazer, porque era lícito o seu acto de nomeação - mantendo-a tal como constava no despacho, o que motivou o seguinte comentário de Pedro Panzina: "Muito bem! Nesse caso, resta-nos recorrer aos tribunais".
Só que havia um 'pequenino' problema que não escapou à lupa de Pedro Panzina: Para além de ele saber que o acto do presidente era regular, a apreciação por parte dos tribunais iria com toda a certeza ocorrer já muito para além do próximo acto eleitoral. Foi portanto para casa, pensou melhor e preparou esta pequena rasteira em que o presidente quase se ia estatelando.
Como dizia o outro, "não havia necessidade", porque para além de denunciar cumplicidades que o comprometem, aceitando 'agendamentos a pedido como uma espécie de contrapartida por favores futuros', podia ter originado uma situação pessoal complicada ao nomeado, uma vez que nos tempos que correm, nem sempre é possível reverter um pedido de licença sem vencimento - e não sei se foi esse o caso do Dr. Sérgio Sousa.
Valeu na circunstância a coerência - porque não dizê-lo se isso é verdade? - do PS ter votado da mesma forma que em 2009 - o que aliás faz sentido, tendo em conta a abstenção quando era Arnaldo Soares, o homem dos Orçamentos de mentira, da especulação imobiliária e processos afins que estava na calha e votarem hoje a favor do pedido de revogação quando a pessoa que o substitui não é de forma alguma comparável nem a situação que enquadra a sua nomeação é de forma alguma equivalente!
Vendo bem as coisas, para o Grupo Independente Coragem de Mudar, que mantém intacto o seu projecto de intervenção ao nível do nosso Concelho e continua como no passado, completamente empenhado na 'corrida', neste caso, rumo a 2013, até seria vantajoso que a 'mais valia' que Sérgio Sousa representará para João Paulo Baltazar não tivesse passado, mas mesmo em política, a ÉTICA não tem necessariamente que ser posta de lado - e hoje, na PROPOSTA DE REVOGAÇÃO que foi apresentada, ética foi coisa que não se vislumbrou.
E não nos venham caros vereadores e consócios, com considerações sobre contenção de custos, assunto que muito nos sensibiliza e certamente também, à maioria dos valonguenses, pois ainda há pouco se abespinharam com uma intervenção do líder do grupo municipal do PS na Assembleia Municipal por ter proposto a redução do número de reuniões de Câmara, como uma das formas de contribuir para essa contenção - agora que o presidente viu devolvidas as competências que tinham sido retiradas a Fernando Melo!
Tão 'preocupados' estavam os caros consócios com a contenção, que a mera hipótese levantada por um deputado poder eventualmente vir a ser acolhida, motivou da vossa parte um veemente protesto (?) que fizeram questão de que fosse aprovado em reunião de Câmara e fosse depois remetido à Assembleia Municipal!
Serenamente, o Presidente deste Órgão fez o que devia: puxou o virtual cesto dos papéis inúteis e atirou para lá a inútil e virual folha A4 que não consubstanciava protesto nenhum.
Protesto contra quem? Contra quê e porquê? Por um deputado, esse sim, ter manifestado uma clara preocupação quanto à contenção das despesas?
ÉTICA - também neste caso e mais uma vez - precisa-se!
PS: Vale a pena ver o pequeno recorte que se segue, que já serviu aos ilustres vereadores da Coragem de Mudar noutras situações, mas que agora lhes passou 'despercebido'. Afinal a decisão era recente demais, o seu pedido de revogação (na reunião anterior) tinha sido recusado há bem menos de dois anos (!) para pedirem a sua revogação e por isso não tinham interesse nenhum em se 'lembrarem' deste parecer de um ilustre entendido na matéria: