"FRUTOS" CHINESES'...
"Desculpa (pá), mas não posso falar contigo sobre este assunto (neste momento e por este meio)" - a parte entre parênteses é minha...
Pois claro! Passos Coelho aprendeu bem com os vários e lamentáveis episódios de escutas por que passaram outros políticos porque embora as mesmas (as escutas) não tenham 'matado' ninguém, lá que moeram, moeram'.
É claro que exagerou um pouco, porque Ricciardi não é corrupto, o BES nunca foi acusado de 'lavagem de dinheiro' nem esteve em momento algum envolvido em negócios escuros e portanto, escusava de ser tão indelicado com o amigo! Ou agora um banqueiro não pode ser amigo de um primeiro ministro não pode telefonar-lhe para perguntar como é que vão as coisas, como está a família e todas aquelas perguntas de circunstância que se costumam fazer quando se telefona a um político? Quem disser o contrário estará obviamente a especular.
É evidente que o Sr. Ricciardi nunca telefonaria ao primeiro ministro para lhe falar daquele 'diferencial de 150 ME que os chineses estavam dispostos a pagar a mais pela privatização da EDP, mas que a circulação de 'informação privilegiada' no seio da Parpública lhes permitiu poupar.
Talvez a pergunta que o Sr. Ricciardi gostasse de ter feito - mas não faria seguramente - embora Passos Coelho, receando que a fizesse tenha reagido de forma abrupta, pudesse ter sido "oh Pedro, diz lá então onde é que achas que devo colocar aqueles 150 quilos de frutos chineses. Numa 'frutaria' na Suiça ou num qualquer daqueles paraísos fiscais, perdão tropicais, onde a fruta se conserva sem se deteriorar?".
E como é que os chineses conseguiram poupar os tais 150 ME no negócio?
É simples e o Jornal Sol explicou na sua edição de 26 de Outubro.
Houve uma meia hora crucial antes do limite para a apresentação de propostas para este concurso de privatização da EDP - que teriam de ser entregues em carta fechada, como é normal e sempre acontece - e que fez toda a diferença:
De forma inusitada, algum tempo antes foi emitida uma nota interna da Parpública a dar indicação aos candidatos, de que que além da 'cartinha do costume', deveriam também enviar as propostas por e-mail (!) quer para a Parpública, quer para os seus assessores financeiros. A partir das 16 horas, foram chegando as propostas por esta via (dos brasileiros e dos alemães) iguais evidentemente às já enviadas por carta. Curiosamente (?) a dos chineses foi a última a chegar por e-mail, bem em cima das 17 horas. A suspeita, é que havia várias propostas diferentes dos chineses, em carta fechada, sendo que alguém terá feito chegar à Parpública apenas a que batia certo com a do e-mail, que terá beneficiado da tal 'informação privilegiada' e portanto era a mais baixa mas mesmo assim ligeiramente acima da melhor dos restantes candidatos.
Boa jogada! - e um jackpot de frutos chineses para empanturrar uma data de estômagos famintos e que o Ministério Público tenta agora identificar!