E SE ELE TIVESSE IDO CAÇAR ELEFANTES EM ÁFRICA?
Veja os rendimentos de 15 políticos portugueses antes e depois de passarem pelo Governo
(Entre estes, estão muitos dos 'homens do Presidente'! Como no título do filme, 'tudo bons rapazes'...
Uma nação - na verdadeira acepção da palavra - precisa de ter uma identidade - e Portugal tem - um ponto de referência - e isso os portugueses infelizmente não têm!
No seu conjunto, estes dois elementos constituem o padrão em que os cidadãos de qualquer País se conseguem rever e a partir daí, auto calibrarem o seu perfil, afinarem o tom, acertarem o passo e depois conseguirem força e ânimo bastantes para os replicar nas novas gerações que se vão formando.
É - deveria ser sempre - um processo auto alimentado a partir de um núcleo irradiante, gerador de força centrífuga bastante capaz de chegar às franjas mais distantes da periferia com energia suficiente para ainda assim e apesar da distância, ser possível preservar o 'ADN' da Nação: identidade, coesão, partilha de valores comuns.
Com todos os defeitos e todas as vicissitudes resultantes de um poder emanado (apenas) da tradição e do 'direito natural', onde em certos momentos da história até Deus foi envolvido, as Monarquias desempenharam esse papel agregador e ao mesmo tempo irradiante.
Pelo Rei e pela Pátria, os homens aceitavam os maiores sacrifícios, eram capazes de lutar até à morte, deixavam pais, esposas e filhos partindo para pelejas longínquas sem certezas de algum dia poderem regressar.
Mas os Reis degeneraram, corromperam-se e foram corrompendo os cortezãos de que se rodeavam -ou vice-versa - foram construindo à sua volta uma espécie de muralha de traidores e de oportunistas e com isso começaram a cavar as próprias sepulturas, a erguer os cadafalsos aos quais haviam de subir, ou a construir as guilhotinas onde tantas cabeças rolaram - incluindo as próprias - dando lugar de uma forma ou de outra, a um novo tipo de poder e a uma nova forma de o exercer.
Os regimes republicanos, pese embora o facto de muitos deles nascerem de actos violentos e condenáveis - mas as Revoluções, porque se baseiam em rupturas contêm sempre em maior ou menor grau uma certa dose de violência - visaram corrigir essa tendência perversa para manter intocável o 'direito divino' de reinar, fosse qual fosse a praxis do soberano reinante.
Poder ao Povo, direito de indicar aqueles que o deveriam representar na tomada de decisões entre um e o acto seguinte da escolha - as eleições - a possibilidade de influenciar os seus representantes para corrigerem erros de percurso, ou mesmo interrompê-los em casos mais extremos.
Os regimes republicanos representaram portanto numa primeira fase, um avanço qualitativo na forma de representação do poder do Povo, mas como em tudo aquilo que é humano, não estavam (não estão) isentos de erros.
Em democracia ou em ditadura (ambos os regimes conviveram e podem conviver com os dois) as Repúblicas foram-se degenerando e vendo bem as coisas, a uma velocidade até maior que aquela que tinha conduzido ao apodrecimento das Monarquias.
Encurtando caminho centremo-nos por agora apenas nas atribulações da Nação portuguesa:
Como é possível alguém como Aníbal Cavaco Silva, funcionar como pólo agregador de vontades, como ponto de referência, como padrão para todo um País?
Ele que mais do que nenhum outro, soube rodear-se desde a sua fase de governação, de corruptos, de oportunistas, de ladrões, não pode invocar a seu crédito, ingenuidade nas escolhas ou azar e má pontaria nas opções!
O BPN, de onde ele retirou atempadamente muitas das suas poupanças, também elas ali colocadas em momentos oportunos e criteriosamente escolhidos, existiu mesmo.
É hoje consensual considerá-lo como um caso de polícia puro - foi até segundo os mais entendidos na matéria, o maior caso de burla e corrupção vivido em Portugal desde os tempos de D. Afonso Henriques - e Oliveira Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima e tantos outros, não foram 'acidentes' na vida de Cavaco!
Tal como resulta da sua própria definição, os acidentes são acontecimentos fortuitos e de curta duração. Um 'acidente' não dura meses ou até anos - como duraram os de Cavaco Silva - quando muito, podemos ter de conviver algum tempo com as suas consequências, o que é substancialmente diferente.
Só que no caso de Cavaco - actualmente 'desaparecido em combate', ou pelo menos, 'ausente em parte incerta' - ele é o próprio acidente!
O Presidente da República, neste País em profundo descalabro económico e financeiro e por via dele, em profunda crise social também, com o seu Povo a sofrer na pele os efeitos avassaladores dessa situação, consegue mesmo assim 'dar-se ao luxo' de torrar (no Orçamento da Presidência) o dobro daquilo que gasta a Monarquia espanhola - apesar dos desvarios do Rei a caçar elefantes em África.
Só pode mesmo esconder-se como o tem feito até agora!
Aparecer ao seu Povo no actual momento, é um risco que não deve correr, é um 'acto de coragem' que não deve sequer encenar - porque as pessoas em desespero, são por vezes difíceis de controlar e já há viaturas oficiais amolgadas em número suficiente, para agravarmos ainda mais os deficit à conta da sua reparação.