O 'ORÇAMENTO DE VERDADE' DE VALONGO - REVISITANDO O GRANDE LUIS VAZ......
É curioso como o Grande Luís Vaz continua actual nas nossas vidas! Na dos valonguenses sobretudo, essa presença crítica do nosso Poeta maior, é ainda mais evidente!
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
(...)
Tão preocupados que andaram alguns em denunciar concubinatos passados, tantos dias perdidos 'atrás da moita' para registar encontros furtivos onde os destinos de Valongo foram sendo secretamente discutidos e hipotecados, afadigados em denunciar públicos desmandos do senhor idoso que se foi e do jovem delfim que ficou, tanta importância atribuíam a essa sua missão libertadora, que sempre fizeram questão de que fosse apenas através deles que a mesma viesse a lume. Zangaram-se até algumas vezes, por uma ou outra 'fuga de informação' lhes ter roubado pontualmente o seu momento de glória na primazia da denúncia.
Atrevo-me a dizer, que Maomé terá dito coisas mais simpáticas do toucinho, do que eles em muitos momentos o fizeram em relação ao provável candidato a futuro presidente de Câmara e por isso é que este estranho, inusitado e de todo inesperado flic flac à rectaguarda, executado a frio e sem o pré aquecimento que este tipo de movimentos gímnicos aconselha, é ainda mais intrigante!
Aparentemente, ele parece dar início a um novo culto, quiçá a um rápido processo de beatificação do delfim de Fernando Melo e não me admiraria nada, se um dia destes os visse curvados, de rabo voltado para o céu e a encher moldes com pétalas de flores que hão-de compor o colorido tapete que pensam estender ao longo da 5 de Outubro, no sonhado e beatífico percurso do santo candidato até ao trono da suprema glória e à sua ambicionada coroação em 2013. Como sempre acontece, na fartura do banquete, algumas migalhas hão cair no nobre soalho, em quantidade bastante para satisfazerem frugais apetites de quem se contenta com muito pouco.
Parece que o santo homem - descobriu-se agora - está afinal isento do pecado original de Melo e mal aquele se foi embora, começou logo espalhar oratórios pela casa de Vallis Longus e, pasmemos todos, até conseguiu apresentar - pela primeira vez em muitos anos - um Orçamento equilibrado, de verdade, enfim, de 'base 0'!
Para além de 'equilibrado' ser o seu nome próprio, o dito tem o 'rigor' (leia-se miséria) como 'apelido, mas no 'assento de nascimento' não consta nada sobre os desvarios, o 'gastar à tripa forra', as despesas clientelares do passado próximo, que nos conduziram até esta mirrada caricatura da nacional vergonha orçamental de Vítor Gaspar e Passos Coelho.
Em Valongo porém, há o péssimo hábito de se registarem 'no tecto' os desmandos, os pornográficos jantares e almoços pagos a uma certa oposição (Fernando Melo dixit) e a outros amigos, o uso e abuso do dourado cartão de crédito a que o velho senhor nos habituou.
Depois é aquilo que já todos sabemos: pinta-se o tecto com uma tinta de cores bem fortes e bem pigmentada e pronto! O pasado vira mesmo passado - um passado que deveria incomodar as oposições, que deveria envergonhar aqueles que no poder juraram fazer diferente, mas que num passe de mágica - e de duas ágeis passagens do rolo e da trincha - vira azul celeste impoluto que já não envergonha ninguém - nem a eles próprios...
Bendito Orçamento realista que um dia destes, desconfio, virará quem sabe, texto inspirador para um qualquer tratado da 'arte de bem governar no poder local'!