O ASSESSOR - OU A 'EUCALIPTIZAÇÃO' DE VALONGO
Há noites de sorte e a do passado dia 28 de Dezembro teve essa característica - para a Câmara de Valongo e para João Paulo Baltazar, que é o cooptado presidente de serviço ao desgovernado leme da barca velha de Valongo.
Em noite de Orçamento - que os devotos e os 'cristãos novos' consideraram equilibrado e os mais clarividentes classificaram de pura mistificação, por se preocupar exactamente com o 'equilíbrio' a qualquer custo - com a conjugação de cumplicidades várias, umas mais espúrias que outras, validou-se o branqueamento dos anos de desgraça em que andamos todos a alombar com o 'cadáver adiado' de Melo e a juntar os cacos em que o dito, mesmo 'morto mas não enterrado', qual elefante em loja de porcelanas, conseguiu transformar o nosso Concelho.
João Paulo Baltazar, o dilecto herdeiro que agora faz enormes esforços para que esqueçamos essas suas 'origens', lá fez a defesa da sua dama, extrapolando nas suas funções como presidente do executivo numa Assembleia Municipal, entrando por vezes num registo lamentavelmente jocoso, vazio de conteúdo, destituído de argumentos, ofensivo para quem a horas tardias preferiria ter ouvido explanar projectos, constatar esperança em vez de assistir a um comício de péssimo gosto e alinhamento mediocre, com Outubro de 2013 já bem presente em todas as entrelinhas.
Por todas estas razões, o Orçamento, as Grandes Opções do Plano e o Mapa de Pessoal só mereciam ser reprovados e sê-lo-iam seguramente, não fora o rasteiro trabalho de sapa de uma eminência parda - cada vez menos parda aliás - para que o não fosse.
Porque sou de uma geração que se habituou a 'chamar os bois pelos nomes' reformulo a expressão, retirando o termo eminência parda e substituindo-a pelo nome verdadeiro da dita cuja: Pedro Panzina foi o homem do Orçamento da Câmara para 2013! Não por o ter elaborado, que os seus saberes ainda não são tão abrangentes, mas porque o defendeu na sombra, multiplicando-se em telefonemas, desdobrando-se em explicações, fazendo os possíveis por levar alguns amigos a alterar compromissos comprometedores para a sua estratégia colaboracionista. Sem ele, João Paulo Baltazar afogar-se-ia num mar de coisa nenhuma e enrolar-se-ia seguramente nos cordões das botas que Melo lhe calçou, ou como disse o líder da oposição do PS, imobilizar-se-ia inglóriamente na camisa de onze varas a que só faltava a operação de 'aperto final'.
Honra pois a quem a merece e porque sabemos que o resultado desse trabalho rasteiro não vai correr nada bem, o equivalente castigo para quem se pôs em bicos de pé - no sentido literal, dada a física mediania da personagem - quando chegar a hora de todas as punições.
Mas se por enquanto João Paulo Baltazar tem motivos para agradecer a assessoria graciosa de Pedro Panzina, se lhe deve mesmo algumas dicas dadas 'on the record' em plena Assembleia Municipal e com a complacência do Presidente deste Órgão que tinha prometido 'tolerância zero'que não cumpriu a rigor, é melhor que vá preparando o cenário para no momento oportuno, atirar borda fora o homem do tribunal eclesiático, pois nós que o conhecemos bem, sabemos de experiência feita e João Paulo Baltazar se ainda não sabe, irá descobri-lo mais depressa do que pensa, que a figura não é uma 'mais valia' para ninguém!
Não o foi para Maria José Azevedo e para a Coragem de Mudar, não o foi para a preservação de um projecto que mesmo minoritário tinha condições para se manter autónomo em relação às dinâmicas partidárias e não o será nunca para Valongo - seja lá qual for a futura configuração de poder que venha a resultar do próximo acto eleitoral.
Pedro Panzina é como os eucaliptos: dá pouca sombra e seca tudo à sua volta. Mas apesar disso, continua a haver quem arrisque investir na 'eucaliptização' de Valongo. Se for o caso de João Paulo Baltazar, pois que faça bom proveito!