VALONGO E O OPACO ABSOLUTIISMO
Estranharão muitos, que continue a ser a FAMÍLIA que domina actualmente os negócios da Câmara de Valongo e cujo estudo genealógico há-de um dia ser devidamente elaborado e como convém, sob a forma de uma criativa árvore com rectangulozinhos pendurados onde se possam perceber de forma intuitiva os resultados da desgraçada governação municipal dos últimos anos, a conduzir-me a pena para escrever tantas vezes sobre o 'Padrinho' em funções.
Ora bem, se a 'Omertà' impede que o povo vá tomando conhecimento mais aprofundado dos assuntos 'familiares', tenho tentado suprir eu esse deficit, assumindo o papel sempre incómodo - mas neste caso, necessário e que até me dá muito gozo - de 'paparazzo' de serviço.
A história não pode ficar despida daquilo que alguns jornalistas do regime vão cirurgicamente omitindo!
Aqui vai mais uma Opinião e um 'Olhar (im)parcial' - no Jornal Verdadeiro Olhar, hoje nas bancas:
por: Celestino Neves | |||||||
| |||||||
“O Estado sou eu”. Esta analogia com o que se passa em Valongo não me ocorreu por acaso. “Eu sou o líder concelhio do PSD, portanto, o PSD aqui, sou eu!”. Claro que não é, mas fugiu-lhe a boca para a verdade. Já critiquei uma frase semelhante do soberano de Alfena , que pasme-se, até tem vindo a fazer um esforço de assertividade, embora tenha ainda muito caminho para fazer para se aproximar do ‘autarca-padrão’ que uma cidade como a nossa merece. Usada pelo ‘autarca recente’ (João Paulo Baltazar dixit: Porto Canal dia 16 depois da meia noite) é que a torna mais insólita, dadas as expectativas por ele alimentadas após a partida do velho dinossauro há alguns meses atrás. Mas obviamente, não é sobre a sua prestação nesse programa, ao lado do seu colega de Arouca que o deixou claramente para trás em discernimento e lucidez, nas críticas à cretinice de um ministro que apenas se mantém no poder porque, vá-se lá saber porquê, mantém Passos Coelho como refém e impossibilitado de o mandar tratar da vidinha para qualquer outra parte do globo. O que aqui me traz, é a lamentável tendência de João Paulo Baltazar para se comparar a Luís XIV de França: Nos passos perdidos de Vallis Longus o pendor absolutista daquele monarca é cada vez mais clonado explicitamente, ou subentendido nas atitudes e nas decisões deste ‘autarca recente’ - recente é um eufemismo que ele inventou para tentar o ‘reset’ das nossas mentes em relação às tropelias de Melo. “L’Etat c’est moi” - trocado por miúdos, ‘a Câmara sou eu’ – no caso de João Paulo Baltazar, traduz-se no uso de meios que os seus adversários não podem usar, no desrespeito por decisões dos Tribunais, que a Câmara não cumpre e valendo-se da lentidão da Justiça, mantém naquela imaginária gaveta funda onde jazem, como é o caso da empresa Marcelo, Peixoto & Irmão, onde um cidadão lesado continua a ouvir explicações de circunstância e a não conseguir chegar à fala com o ‘autarca recente’, ou ainda naquele ‘concurso martelado’ para um lugar no quadro da Biblioteca de Valongo, onde a protegida de Fernando Melo ‘ganhou tendo perdido’. Aqui talvez faça sentido uma outra frase popular devidamente adaptada: ‘em Valongo (como no Marão) mandam os que cá estão’. Claro que num e noutro caso – e estes são apenas dois de entre muitos exemplos de nepotismo – os Tribunais acabaram por questionar a Câmara. Já no segundo e dado que o Tribunal mandou repetir o ‘concurso martelado’, aceitam-se apostas para o tipo de desculpa esfarrapada que João Paulo irá avançar para não ter de ir contra as ordens expressas do dinossauro, que antes de se ir, impôs que ‘ninguém tocasse nos seus protegidos’. O meu querido amigo Dr. José Manuel Pereira, membro da Assembleia Municipal de Valongo em representação da Coragem de Mudar, vai ter de esperar sentado, tão funda é a tal gaveta onde jaz o seu recurso – agora ganho nos Tribunais. |