VALONGO - QUEM ATIROU A PRIMEIRA PEDRA?
Voltando ainda à Assembleia Municipal realizada em Sobrado e ao silêncio comprometido do presidente da Câmara sobre a incómoda pergunta a que se 'esqueceu' de responder.
Já muitos o afirmaram e eu partilho dessa mesma opinião, que quando Fernando Melo se foi, João Paulo deixou escapar uma oportunidade única para tentar aquele golpe de asa capaz de levar os valonguenses a acreditarem no início de um ciclo distinto do anterior, caduco de 18 anos. Mas conhecendo-lhe o perfil e o contexto em que se move, também não seriam necessários dotes mágicos para se adivinhar que ele não seria de maneira nenhuma capaz de se demarcar publicamente dos públicos disparates do dinossauro.
E digo mais:
Por uma vez, Fernando Melo conseguiu ter mais discernimento que o pupilo relativamente à agregação de freguesias: reconheceu desde início, que em Valongo a mesma seria uma completa asneira e admitindo que o idiota do Relvas conseguisse como conseguiu, obter ganho de causa, teve desde logo o cuidado de acrescentar que nesse caso, Sobrado com a sua cultura e a sua identidade muito próprias, deveria ser preservada, pelo que a concretizar-se o disparate, a referida agregação deveria envolver em última instância, Campo e Valongo.
João Paulo também tentou seguir esta linha de pensamento, mas fê-lo num registo marcadamente estratégico inquinado por escondidas cumplicidades, denunciando uma clara falta de empenho e evidenciou em momentos muito concretos e bem registados para 'memória futura', imaginando que o fazia em 'ambiente protegido' - hoje em dia, já nem os blocos operatórios dos hospitais o conseguem manter - uma atitude conspirativa e partidariamente tacticista, ao expressar a sua preferência pela solução que veio a vingar: a agregação de Sobrado e Campo.
Ninguém pode ficar simultaneamente 'de bem com Deus e com o diabo' e quando João Paulo percebeu que Relvas não se tinha curado da idiotice e iria parir mesmo aquele aborto, escondeu apressadamente a 'cassete' comprometedora da cavaqueira partidária 'captada por ouvidos indiscretos ou partilhada por amigos menos fiéis e vestiu a t-shirt de 'homem da luta', com um vigor e uma convicção que ele bem se esforçava por fazer com que parecessem verdadeiros. E para dar mais realismo à sua 'revolta', impôs a si próprio um total e pouco cristão silêncio, perante as críticas algo violentas embora justificadas, contra o facto de termos um Presidente da Assembleia Municipal - Órgão onde a agregação foi reprovada por unanimidade - a integrar ao mesmo tempo a UTRAT e a votar favoravelmente no seio desta, a agregação.
Mas uma coligação só deixa de o ser depois de uma das partes ou ambas, o declararem expressamente e nenhum dos dois parceiros o fez, pelo que atirar - ou deixar que atirassem - com todas 'aquelas pedras da calçada' ao Eng.º Campos Cunha, foi uma atitude profundamente criticável e muito feia, por parte do líder concelhio do PSD e presidente de Câmara por herança.
Quanto ao presidente da Junta de Freguesia de Sobrado, andou quase até ao fim a assobiar para o ar e duplamente enganado: acreditou que tudo se passaria como Melo tinha antecipado, logo não era nada com ele. E por outro lado, porque ninguém lhe contou - pudera! - nem sequer lhe passou pela cabeça que o amigo presidente da máquina laranja que também é a sua, fosse capaz alguma vez, de expressar aquela quase 'pornográfica' preferência que se veio a tornar realidade e o deixou 'nu' no meio dos sobradenses.
Teve porém uma premonição - ou alguma voz divina lhe soprou em sonhos que era por aí que a idiota agregação avançaria - e por isso tentou, já em desespero de causa, aquele famoso pequeno almoço com o Eng.º Campos Cunha. Já só lhe interessava que Sobrado fosse poupada. O sofrimento dos vizinhos incomodava-o pouco.
Deve ter poupado no açúcar do café ou quiçá na manteiga das torradas e por isso tudo se manteve como estava decidido nas secretas instâncias.
Não vamos de maneira nenhuma dizer bem feito!
O Povo de Sobrado não o merece - assim como não o merece o de Campo, nem mereceria o de Valongo se a agregação seguisse a linha inicialmente prevista pelo 'Professor Doutor' Fernando Relvas.
Mas se a badalada providência cautelar de que João Paulo Baltazar tanto gosta de falar - e que sinceramente esperamos venha a merecer ganho de causa para bem dos sobradenses e dos campenses - não conseguir atingir os seus objectivos, aí sim, vamos dizer alto e bom som: BEM FEITO!
Bem feito, quando os sobradenses tomarem completo conhecimento destes jogos de bastidores e retribuírem com juros, ao provável candidato a presidente de Câmara e a Carlos Mota a 'mestria' com que souberam gerir este assunto.
É que já ficou mais do que claro, que muito mais determinante do que o voto do Eng.º Campos Cunha na UTRAT, o que verdadeiramente decidiu esta agregação idiota, foram esses mesmos jogos de bastidores!