PANZINA, O 'AUXILIAR CINEGÉTICO'...
Apesar de correr a fingir - a fingir, porque correndo apenas um bocadito pode gerir o esforço de forma menos exigente - a conhecida 'lebre' das corridas desempenha apesar de tudo um importante papel para a obtenção de boas médias por parte dos atletas...
'Olhando' para a reunião pública da Câmara que hoje teve lugar - e faço-o através dos olhos de amigos, dado que um compromisso inadiável me atrasou e apenas pude assistir à saída normal de alguns dos participantes e ao desfile majestático (algo entre Prada, Gucci e afins) da minoria mais pequena - divido-me entre a analogia com a simpática lebre (Leporidae) e com o menos conhecido furão (Mustela putorius furo)...
Ambos trabalham para terceiros, facilitando-lhes com a sua prestação inicial específica, a obtenção de melhores resultados finais.
No caso específico da figura menor da vereação camarária, inclino-me mais para a segunda hipótese:
Dadas as respectivas características antropométricas, está especialmente habilitado para entrar no reduto da espécie cinegética, trazendo os que lá se encontrem para terreno aberto, onde mais facilmente serão abatidos pelo caçador.
O pagamento do seu trabalho é feito em 'espécie' - sob a forma de uma alimentação mais cuidada e diferente daquela que encontraria se estivesse no terreno por conta própria - mas tem como contrapartida o inconveniente de ter de viver em cativeiro, ainda que dourado seja e com incondicional ar condicionado.
Mas o 'Mustela putorius furo' esteve mal na caçada de hoje, por duas razões a saber:
Em primeiro lugar, exigia-se-lhe que estivesse melhor preparado para facilitar o disparo certeiro do caçador - um único tiro, que em tempos de crise não se podem desperdiçar munições - e o herdeiro não pôde fazê-lo, tendo ficado para ali a disparar contra sombras que mexiam, contudo imateriais;
Depois, porque quando se fixou melhor num alvo que lhe pareceu real, acertou de forma desajeitada na simpática figura feminina da representação do PS e que está léguas á frente daquelas tristes figuras do outro extremo da mesa.
Mas se até aqui a culpa foi mais do 'furão', o caçador também não está isento de culpa por ter levado a cabo um deprimente número de ventriloquia - pondo voz no 'furão' para fundamentar a bizarra ideia de que o Regulamento da propaganda política e eleitoral é uma coisa inócua - que até transcreve na integra a versão até aqui em vigor - e que o facto da CNE (Comissão Nacional de Eleições) se ter pronunciado por mais de uma vez (em relação a Valongo) pela sua inconstitucionalidade, não conta para nada porque o parecer da CNE não é vinculativo e além do mais, nem a Câmara foi notificada sobre o mesmo.
A ventriloquia é uma arte e quando não é dominada na perfeição, as coisas podem descontrolar-se e a páginas tantas já nem se sabe se que fala é o artista ou o boneco.
Seja porém qual for o caso, o que foi dito hoje é mentira:
- A CNE notificou a Câmara por duas vezes, sendo que a primeira, o fez a pedido do grupo parlamentar do próprio PSD há uns anos atrás e a propósito deste mesmo assunto, tendo-o feito agora pela segunda vez por solicitação do PS;
- O vinculativo e não vinculativo, serão apenas um pequeno 'osso' para juristas se entreterem, mas perdem a razão o caçador e o furão - até rimei sem querer - sabendo-se que foi o PSD o primeiro a solicitar este mesmo parecer.
Para que o fez então? Para o valorizar se lhe fosse favorável e o classificar depreciativamente de 'não vinculativo' porque vai no mesmo sentido da Lei fundamental do País?
Registamos depois um facto não menos lamentável, pela falta de verticalidade que consubstancia: esqueceu-se a senhora impecavelmente vestida, que quando era vereadora do PS no mandato anterior, votou contra este mesmo Regulamento!
Haja pachorra para tanta falta de decoro...