O 'País Local' vai a votos lá para Outubro, numa altura em que pelas minhas contas, a onda de revolta deverá estar no auge. Daí que, nas manchas alaranjadas deste País anémico e dizimado pelos tubarões da alta finança, já se pressintam as ondas de choque geradas pelo sismo do voto de protesto, que terá efeitos semelhantes a uma guerra: muitos danos colaterais, isto é, pagarão alguns justos governantes, por muitos pecadores - porque em boa verdade há também exemplos de boa governação local de laranja vestida. Não é infelizmente o caso de Valongo. Aqui, mais do que em qualquer outro Concelho do País, sente-se esse pânico no 'cento de crise', onde o dinástico sucessor – e continuador - de 20 anos de desvarios de Fernando Melo vai antecipando o 'dia seguinte'. Valongo faz pandã com a desgraça nacional, com o 'genocídio' de que são vítimas os reformados, com a fome de milhares de crianças que tomam a sua primeira refeição do dia, apenas quando chegam à escola. Aqui, somamo-nos à desgraça da Nação dos sem abrigo que todos os dias recebem novos reforços daqueles a quem os bancos levaram a casa já meia paga. Aqui, ajudamos a multiplicar os muitos outros que não puderam cobrir a proposta tipo pegar ou largar dos senhorios, respaldados por uma nova lei das rendas feita por quem se esqueceu de que cortando a eito e de olhos fechados, ia seguramente cortar pessoas frágeis, com reformas abaixo do limiar da pobreza, desempregadas, doentes, carentes de quase tudo e a partir de agora, também de um tecto. Aqui, onde significativas franjas de agregados populacionais têm características de dormitório da grande capital do Norte, somamos a todas as desgraças a desgraça de termos um senhorio chamado Câmara Municipal que descura as suas obrigações, que exorbita na renda que há muito deixou de ser social e que para cúmulo, se esquece também de fazer o que aos senhorios compete: cuidar do seu património para que quem dele usufrui tenha condições minimamente dignas para viver. Aqui em Valongo, à desgraça que afecta a nação, nós ainda temos de somar a corrupção que herdamos de Melo e a 'prole' que nos entregou para manter e cuja 'gamela onde manja' é tão pequena como aquela manta, que quando a esticamos para tapar o pescoço, nos deixa os pés na corrente de ar. Por isso é que Valongo parou faz muito tempo, nas obras públicas - e também nas privadas que deixaram de alimentar as finanças da Câmara através das diversas taxas. As freguesias, também elas asfixiadas pelas dificuldades, deixaram de poder contar com os protocolos anuais que celebravam com a Câmara e que lhes permitiam fazer mais e melhor trabalho de proximidade com menos dinheiro. Disseram-lhes que a Câmara tinha mão de obra capaz de desempenhar essas tarefas, mas a verdade é que se tem, não se nota. (Algumas pequenas obras de fachada e algumas 'primeiras pedras' lançadas neste período, não passam do já habitual folclore pré-eleitoral). Os valonguenses chegarão pois a Outubro, com a revolta do País a dobrar E tal como o resto do País, só podem – só podemos - votar em protesto contra o poder distante de Lisboa, sendo que somaremos a esse, o voto contra o poder de proximidade da nossa autarquia, que tem sido tão distante e tão nocivo como aquele. Não nos faltarão portanto, razões para votarmos de forma diferente daquela que fez maioria nos últimos 20 anos de Melo. Elas são tão ostensivamente visíveis que até nos fazem doer! |