CONVERSAS IMPROVÁVEIS COM UM CÃO CHAMADO BALTAZAR...
Brevemente conto iniciar aqui uma série de pequenas crónicas - no fundo, conversas simples e despretensiosas - entre mim e um amigo recente, que tem uma particularidade que o distingue do comum dos mortais falantes: não é um mortal falante, ou melhor, é um mortal mas não é falante, não porque seja mudo, mas simplesmente porque não fala...
Acho que esta introdução não começou nada bem!
Perdi-me aqui com 'rodriguinhos' e ou muito me engano, ou metade das pessoas que lerem este post - isto é, a outra para além de mim próprio que o escrevi - vão (vai) pensar que ensandeci de vez! Como é que não falando (o tal amigo recente) vamos conseguir tornar as nossas conversas entendíveis para o comum dos mortais, isto é, dos restantes mortais para além de mim?
Parece que já vejo pelo menos um dedo no ar para lançar um palpite: "linguagem gestual e tradução, dahaa!".
Não, não existirá linguagem gestual e vão ser mesmo conversas só que em 'canês' - que é uma das minhas últimas competências, adquiridas como autodidacta - e depois sim, eu traduzo de facto para os restantes, que não tiveram como eu o privilégio de aprender esta 'lingua viva', muito, mas mesmo muito interessante.
Aqui chegados, é talvez tempo de dizer que o amigo que vai partilhar com os amigos e visitantes deste Blog alguns bons momentos de amenas cavaqueiras sobre Valongo, é um pequenote de raça canina chamado Baltazar, uma coincidência algo desagradável que por motivos mais que óbvios me fez hesitar perante o projecto.
É de um Concelho algo distante - Guimarães - e não conhecendo 'canezmente' a minha terra, ele sabe sobre ela coisas que até a mim me espantam, dada a distância entre as duas .
A seu tempo vou apresentá-lo mais a rigor, com uma foto de corpo inteiro e um recorte do seu boletim de vacinas para que não subsistam quaisquer dúvidas de que não se trata de uma personagem fictícia do género daquela que dá pelo nome de 'cão de Sócrates' e que vai debitando ciclicamente uns bitaites no Facebook , mas sim um ser real, com inteligência acima da média e um espírito crítico e sentido de humor bastante corrosivos.
Entre ganidos e lambidelas, desarmou-me completamente e lá me conseguiu convencer de que não tem culpa de que o pai da minha afilhada e dono por afinidade, lhe tenha posto este nome.
Não me atrevi sequer a replicar, dada a absoluta inexistência de argumentação consistente e confesso que pelo tom de uma rosnadela, tive até medo de vir a ser acusado de preconceituosa discriminação racial - no sentido mais rigoroso do termo.
De qualquer forma, percebi que os amigos caninos partilham muito mais entre si do que nós os humanos e impressionado que fiquei com os seus conhecimentos sobre a terra onde vivo, resolvi transigir, ceder, concordar, pactuar, em suma, sossobrar completamente em relação à minha tentativa inicial de recusa.
Veremos como correm as coisas...