Há slogans que que queimam e este é um deles.
Daí que seja estranho que o candidato envergonhado do PSD à Câmara de Valongo e actual presidente por herança, que ocupa a cadeira já meio carcomida de Fernando Melo há cerca de um ano atrás, o tenha escolhido, tão vincadamente negativas são as suas conotações.
Em 2009, coligado o PSD com o CDS-PP e com o PS fracturado a dividir o espaço político com a recém formada Associação Coragem de Mudar, a vitória foi pequenina demais para ser de todos. Fazia-se até piada com o facto de Fernando Melo ser o presidente de Câmara com a dívida (relativa) maior e com a maioria menor do País.
Melo fora herdeiro posto, acreditaram os mais crédulos que alguma coisa iria mudar – para melhor obviamente. Não foi porém isso que aconteceu e tudo continuou como dantes ou pior! O PAEL virou improvisada e minimalista bandeira por oposição a outros municípios que ainda o não têm e aguardam o visto do Tribunal de Contas para a ele acederem. Esquecem-se os porta estandartes, de todos os outros que não têm PAEL, porque dele não necessitam! E omitem ainda qualquer referência ao facto de ele passar a constituir o garrote que sufocará as gerações futuras por muitos anos e reduzirá a actividade do município a pouco mais do que a provisão orçamental para a sopa dos pobres procurada por um cada vez maior número de necessitados, à varredura das ruas, ao tapar de um ou outro buraco (nas estradas) ou à gestão de um ou outro fundo de emergência com que se irá aliviando a pressão social sempre que os alarmes disparem.
Face a isto, até se percebe o pudor – um tanto exagerado, diga-se – que João Paulo Baltazar tem em assumir as cores do Partido com que se tem vestido nos últimos anos. A referência a Fernando Melo mata e a associação ao governo que destrói o que ainda resta do País também não ajuda nada.
E também se percebe que João Paulo Baltazar – e as candidaturas das freguesias a ele associadas – alarmados com as notícias que davam conta de uma anormal afluência de valonguenses às consultas de oftalmologia, preocupados com a sua acuidade visual ao constatarem que conseguiam enxergar as minúsculas setinhas no canto superior direito do baltazariano "outdoor", tenham elegido como "gift" de culto para a campanha, uma artística lupa. Verdade seja dita, uma parte significativa daqueles que alegam as ditas perturbações da visão será constituída pelos clientes do costume, das picantes fatias de porco no espeto e do repetido vai-e-vem da anexa caneca da boa pinga. Adivinho aliás, como consequência da conjugação destes dois factores - excesso de libações e pequenez a que os candidatos reduziram a imagem de marca do Partido de Francisco Sá Carneiro - que nem a lupa consiga resolver a induzida e aguda perturbação da acuidade visual que tanto alarme tem causado.
Mas existe uma outra e indisfarçável preocupação do herdeiro da pouco vitoriosa "vitória de todos" e que tem a ver com o obituário de Vallis Longus: Os inúmeros esqueletos que guarda no armário e que com esta recordista canícula, vão começar a exalar aquele cheiro característico e comprometedor - como se gritassem "estou aqui!".
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