Nas voltas da Volta e nas voltas da estrada, Sobrado trepou montanhas, rolou nas planuras e substituiu nestes dias, as maldosas tropelias do Relvas que se foi, pelas alegrias do cobiçado troféu a que neste domingo acedeu e soube chamar seu. Sobrado aviltada e agregada sem o querer, vibrou na festa que se soltou e provou ser mais forte que o idiota desnorte da imbecil agregação. Pegou a Volta e serpenteou, rolou, voluteou por vales e montes e deixou ‘Sobre Campo’ (só por uns dias) adiada na revolta - que na festa e no pódio só cabiam as alegrias.
Sobrado ganhou a Volta, Sobrado tem volta, Sobrado há-de dar a volta! Apesar disso assistiremos a muitos daqueles de quem pelas piores razões, Sobrado guardará recordações, andarem por aí ainda mais uns dias, a fingir esfusiantes alegrias - provavelmente estiveram por ali, ao lado do pódio e bem no centro da festa, para a qual como de costume, se fizeram convidados para a fotografia com emplastro anexo.
Sobrado e a sua equipa de ciclismo mereceram este triunfo, muito pedalado, muito suado, muito sofrido e justamente premiado. Os sobradenses não serão avaros, quem os conhece tem disso a certeza, a dividir a sua alegria com quem dela seja merecedor, mas Sobrado saberá também certamente, distinguir os valonguenses genuinamente satisfeitos nas alegrias de hoje, na mesma proporção em que souberam ser solidários na revolta do passado recente e que infelizmente ainda é presente, dos alegres de ocasião, dos emplastros das alegrias que não sentem, dos que se escondem na hora da solidariedade que não têm - porque eles são ao fim e ao cabo, o motivo que suscita essa mesma revolta.
Os Bugios do nosso contentamento, tiveram este Domingo um novo e merecido S. João e quem sabe se lá pelo meio da festança, não terão andado, disfarçados a rigor, vindos dos lados da serra da Cucamacuca, alguns Mourisqueiros, ou até mesmo o próprio do Reimoeiro, quiçá arrependido da ingratidão e da afronta com que lhes ‘agradeceu’ a milagrosa cura da princesa sua filha.
De arrependimento está o inferno cheio, costuma dizer o Povo e de lágrimas de crocodilo se faz a correnteza do rio Ferreira em épocas de enchente, tão numerosos são os que as vertem, sem tristezas genuínas que as expliquem.
Mas ainda que os Bugios conseguissem de forma inquestionável, identificar todos os infiltrados Mourisqueiros, porque de festa se fez este final de Domingo em Sancto André de Ferraria (ou Sancto André da Ribeyra) eles hoje saberiam ser, excepcionalmente é certo, discretos e contidos no exteriorizar da sua revolta. Eles sabem, na certeza dos que têm razão, que há mais marés que marinheiros – também é o Povo quem o diz – e também sabem, no sereno mas firme saber dos que continuam a acreditar no seu Santo de todos os dias, que mais dias virão para soltar a revolta pela injustiça feita e pela justiça adiada.
Santo André de Sobrado saberá dar a volta, por cima evidentemente, porque com Sobrado, tal como com Campo, Valongo, Ermesinde e Alfena, ainda há volta a dar!
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