ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE VALONGO - 'EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA'...
Hoje (ontem) na primeira sessão 'a sério' da Assembleia Municipal de Valongo, por acaso em formato extraordinário, por razões de agenda metropolitana e de eleição de representações para vários órgãos e comissões concelhias, assistimos a uma coisa curiosa - a várias, para ser mais preciso:
Ficamos a saber que a direcção do grupo municipal do PSD vai - será que vai? - funcionar de forma bicéfala - ou mesmo tricéfala - sendo que o 'crânio' maior parece ser o da agora ex líder, mas pelos vistos ainda com pretensões a continuar a sê-lo - a deputada municipal Drª. Rosa Maria.
Claro que deu para ver que quem estava na posição institucional e a defender os pontos de vista do PSD que tem vereadores na Câmara e onde as matérias 'controversas' tinham sido consensualizadas - era o deputado Daniel Felgueiras.
Porém, para a 'excelente jurista' Dr.ª. Rosa Maria e para a terceira sumidade jurídico-linguística, o deputado do PPM Daniel Torres, as 'aspas' que eu coloquei na palavra controversas, não eram 'aspas' mas sim um bold com sublinhado duplo.
E tanto nos enredaram, tanto nos cansaram, com as suas reflexões 'on the record' que quase nos adormeceram com os seus alertas e avisos lancinantes de que nos esperaria o calabouço, caso viéssemos a aprovar os documentos constantes da adenda à Ordem do Dia:
Macroestrutura: Aqui d'el-rei, que não se ganhava nada com a redução de 50% no número de chefias, que no limite, porque se tratava de um concurso aberto, podíamos estar a admitir 8 novos dirigentes - com o anterior concurso lançado pelo PSD mas que entretanto não chegou a avançar, teríamos o dobro e com o mesmo risco! - que mais isto, mais aquilo, os gabinetes e as competências - e os pés pelas mãos, sobretudo dos dois crânios mais destacados - tudo isto para justificar que precisavam de um intervalo para definir uma posição.
Regressados, vingou o bom senso de uma parte do PSD e o 'nonsense' dos restantes, tendo sido aprovada a nova organização dos serviços camarários.
Redução do IMI (de 0,360% para 0,355%): Para 'variar', a coisa foi mais ou menos do mesmo género:
O líder a considerar pouco ambiciosa a proposta do PS - no mandato anterior, o PSD defendeu 0,40%, tendo negociado com a Coragem de Mudar o valor de 0,360%, enquanto o PS na altura, propôs 0,300%!
Mas a sumidade jurídica da deputada Rosa Maria, coadjuvada pela sapiência do representante do PPM, deputado Daniel Torres, descobriu uma nuance:
Não era nada pouco ambiciosa, era sim irresponsável, inconstitucional mesmo, porque não sei o quê, mais umas vírgulas erradas, mais o compromisso eleitoral do PS que não tem que se sobrepor aos constrangimentos financeiros, mais o acordo ortográfico - esta é uma bucha minha - mais o 'sexo dos anjos' - esta por acaso também é - para concluírem que não podiam participar na votação por ser uma ilegalidade extremamente grave (!) - aperceberam-se que o resto do grupo viabilizaria a proposta - encerrando as doutas explanações com a informação de que se retirariam na altura da votação - podiam ter utilizado a figura do voto de vencido para se desresponsabilizarem, mas aproveitaram para 'ir lá fora...
Pelo meio,a Dr.ª Rosa Maria ainda teve tempo para nos presentear com uma 'pérola' jurídica: "as ilegalidades são menos graves se forem disfarçadas com cuidado" (parece que não era este o caso...) - não, não estou a inventar! Ela disse mesmo isto e até está gravado!
Lamentavelmente - felizmente, dizemos nós - a 'excelente jurista' não teve tempo ou 'discernimento' para nos elucidar acerca das manigâncias para disfarçar as ditas ilegalidades, pelo que o texto acabou aprovado, vestido apenas com a transparente verdade e não mascarado da manhosa mentira que a deputada Rosa sugeria...
Prevaleceu portanto o bom senso e a proposta 'pouco ambiciosa' por um lado e 'demasiado verdadeira' por outro, mas respeitadora de um compromisso eleitoral do presidente da Câmara - aliás como também o era a da redução de 50% das chefias - lá foi aprovada.
Para 'memória futura' ficou o registo de um formato igual ao anterior, relativamente à Dr.ª Rosa Maria - como o Dr. João Loureiro Castro Neves me compreenderá ao ler isto! - só que desta vez sem galões, que apesar de tudo, ficam bem melhor nos ombros do deputado Daniel Felgueiras.
Ainda para memória futura neste caso a ser revista numa sessão bem próxima, ficou a postura do deputado Daniel Torres que provou que não deixa por mãos alheias a defesa da sua plebeia dama embora ao que sabemos, devesse estar ali a defender a sua Rainha - quase no sentido literal do termo.
Espero vir a perceber num futuro próximo, se Daniel Torres é (ou não) o representante do PPM e se o é, porque não se constituiu em grupo municipal autónomo.
Se não é, seria interessante saber onde é que pára a verdade sobre uma coligação PSD/PPM em que sempre foi dito que existiria um elemento daquele pequeno Partido em posição elegível para a Assembleia Municipal.
A ver vamos...