VALONGO, 180 ANOS - O QUE NASCE TORTO TARDE OU NUNCA SE ENDIREITA...
Valongo está a comemorar ao longo de um ano e com a habitual e bacoca pompa e circunstância de que o actual prefeito imperfeito tanto gosta os 180 anos da sua elevação a Concelho.
Por muito que isto custe a ouvir a alguns festivaleiros deste evento, este subúrbio nunca mereceu ser Concelho. E isso não tem nada a ver com tudo de bom que esta terra tem - as serras que doamos ao Porto, a lousa que nos tornou famosos, a história do pão e do biscoito que ainda nos faz conhecidos para além de portas, o brinquedo tradicional, a tradição da Bugiada.
Isso é real e só nos pode orgulhar, mas um Concelho precisa de muito mais para merecer essa estatuto e o subúrbio só ascendeu ao mesmo (em Novembro de 1836) devido aos jogos de bastidores entre as várias facções liberais logo a seguir à derrota dos miguelistas e à especial manha dessa figura suburbiana que ficou conhecida por D. Bernarda Clara, na verdade um espião, intriguista e também maçon - em tudo idêntico portanto a alguns que por aí deambulam e de seu nome verdadeiro António Dias Oliveira.
Desembargador do Porto em 1835 e com prestimosos contributos de espionagem ao serviço de Agostinho José Freire e Silva Carvalho, a ele se deve a criação deste pseudo-Concelho cujos 180 anos agora comemoramos.
É claro que a pompa e circunstância de que se rodeia esta efeméride é perfeitamente idiota por duas razões:
- 180 anos nem sequer é um número tão especial que mereça 1 ano de comemorações - 1 século, 150, 175 ou 200 anos seriam as efemérides capazes de merecer tamanha comemoração.
- Depois, ainda que nascido torto, o subúrbio poderia ter feito por merecer ao longo destes anos o título e o brasão que ostenta. Não mereceu e nos últimos anos até piorou significativamente na comparação com os vizinhos mais próximos
Como diz o Povo na sua imensa sabedoria, "o que nasce torto tarde ou nunca se endireita" e isso aplica-se-nos com toda a propriedade.
Apesar dos avanços da ciência na correcção de vários tipos de 'malformações congénitas', em Valongo e ao longo destes 180 anos, tudo foi preservado no mau estado original.
Tarde já é para que o subúrbio se endireite e a avaliar pela qualidade dos políticos que temos ou daqueles que se perfilam na linha de sucessão tudo aponta para que nunca, jamais em momento algum se endireite...
Lamento se de alguma forma estrago a festa, mas Valongo nunca mereceu e continua a não merecer ser Concelho...
Desde logo, um Concelho que não sabe preservar a inviolabilidade dos seus limites internos, como aconteceu relativamente a uma das suas freguesias (Alfena) não merece nenhuns salamaleques nem qualquer pompa e circunstância.
(Veja-se nos dois recortes seguintes, os limites históricos das freguesias no primeiro e os limites 'roubados' a Alfena e que ainda não foram corrigidos no segundo)
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Com os devidos créditos ao Jornal A Voz de Ermesinde de 15-04-1014 e ao meu amigo Ricardo Ribeiro (*) que sabe disto a potes e muito mais que eu, aqui fica o artigo por ele assinado a propósito.
(A qualidade dos recortes em formato jpeg não é a melhor, por isso sugiro que cliquem no link acima, para lerem o original)
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(*) No recorte do Voz de Ermesinde o artigo aparece assinado pelo Arnaldo Mamede. De facto foi escrito pelo Ricardo Ribeiro e a confusão do VE deve-se ao facto de à altura, os dois publicarem mensalmente artigos de opinião - até serem saneados por terem opiniões não compatíveis com as opiniões de quem mandava e dos amigos de quem mandava na Voz de Ermezinde e de serem amigos do Luís Chambel...