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A TERRA COMO LIMITE...

UM ESPAÇO ONDE ESCREVEREI SOBRE TUDO, SOBRETUDO, SOBRE TUDO QUE SEJA CAPAZ DE CAPTAR A MINHA ATENÇÃO. UM ESPAÇO ONDE O LIMITE NÃO LIMITA - APENAS DELIMITA.

A TERRA COMO LIMITE...

UM ESPAÇO ONDE ESCREVEREI SOBRE TUDO, SOBRETUDO, SOBRE TUDO QUE SEJA CAPAZ DE CAPTAR A MINHA ATENÇÃO. UM ESPAÇO ONDE O LIMITE NÃO LIMITA - APENAS DELIMITA.

"NÃO NEGUES À PARTIDA UMA CIÊNCIA QUE DESCONHECES"...

Captura de ecrã 2020-10-27, às 16.42.33.png

Tenho alguns bons amigos que integram de forma convicta a ideia do 'negacionismo' em relação à actual pandemia e não será - não é mesmo - por causa disso que deixarei de os incluir no meu núcleo restrito...

 

Como é evidente, não vou aqui apoiar-me em nenhuma das teses concretas que advogam porque isso iria seguramente expô-los, vou isso sim e a contrário sensu, tentar retirar força aos seus 'argumentos'.

 

Ora bem...

 

Sem tentar invadir o território (muito) minado das mais ou menos grandes discussões científicas, até porque me faltariam argumentos para contrariar ou defender algum dos lados em confronto, deixo aqui algumas achegas para a tese 'anti-negacionista':

 

1. Seria estranho, muito estranho mesmo e extremamente improvável conseguir agregar em torno da preocupação mundial com a actual pandemia um tão vasto conjunto de países e regimes tão diferentes e, aparentemente alguns, sem qualquer hipótese de ligação entre si;

2. A tese de que por detrás disto tudo estarão interesses específicos de supremacia financeira de uns em relação aos outros, pelas razões atrás expressas, também carecem de plausibilidade. No fundo, e aparentemente, estarão todos a perder, sendo que os pobres esses continuarão como sempre foram,  muito pobres - de facto até têm sido algo poupados pelo vírus porque, infelizmente para eles digo eu,  não andam de autocarro, de metro ou de avião nem trabalham ou vivem em grandes núcleos habitacionais, nem vão ver a fórmula 1, nem vão à festa do àvante, nem aos convívios da elite de Lisboa ou de Cascais;

3. A tese de que "a morbilidade deste vírus é baixíssima e não justifica o pânico luso, hispânico, russo... mundial", também peca por falta de argumentos;

 

Vejamos:

 

-  O nível de propagação é de um grau até agora nunca visto;

-  A morbilidade deste vírus NUNCA pode ser dissociada dos efeitos que induz sobre todas as restantes morbilidades. Basta ver a lusa preocupação com o risco eminente que o nosso SNS corre de voltar a ter de 'cancelar' todas as outras doenças para tratar os doentes COVID. Voltaríamos portanto ao drama de ver morrer pessoas, muitas pessoas,  de AVC, de cancro, de, de... por causa da pandemia;

-  Há de facto uma imensa quantidade de gente assintomática que nem chega a sentir-se doente - refiro-me evidentemente a quem testou positivo - contudo, todos podem dar início a cadeias de contágio que nunca se sabe como evoluem nem quando poderão apanhar aqueles que sofrendo de co-morbilidades correm de facto riscos muito concretos e graves;

-  Mas não nos esqueçamos  dos que precisam de uma cama hospitalar a qual, em certo momento do processo,  terá de ser 'roubada' a um qualquer doente não COVID;

-  Por último, existe o grupo menor mas cada vez mais preocupante que é o daqueles que precisarão, ou logo de início ou então um pouco mais à frente, de uma cama em Cuidados Intensivos e de um ventilador.

Admitindo em tese que alguns países tivessem a capacidade da China para erguer 1, 10, 100  hospitais dedicados a doentes COVID, muito poucos - arrisco mesmo dizer  que nenhuns - teriam a capacidade de os dotar a curto prazo com equipas de médicos e enfermeiros suficientes e muito menos ainda com a especialidade de intensivistas e capazes de manobrar os 'roll-royce' da medicina moderna actual que são as UCI's que conheço vagamente;

-  Ouvi há dias um especialista a discorrer sobre este tema - não fixei o seu nome - e que disse que "a partir de um certo momento, cada cama UCI terá que ser 'roubada' a outro doente grave já programado para ela" (acredito que não estaria sequer a imaginar algum médico a levantar algum doente já deitado na mesma). Não tenho dúvidas de que esse momento chegará de facto, pelo menos em relação aos doentes COVID em UCI. 

Aquele temor extremo de muitos médicos de,  pelas razões atrás expostas e se nada se fizer de MUITO diferente para travar a cavalgada ascendente dos números,  terem de 'rastrear' os doentes que devem ser salvos e aqueles que se deve deixar 'morrer em paz' irá chegar. Lembremo-nos do que aconteceu na 'primeira vaga' em Itália e Espanha...

4. Se não corresse o risco de ser apelidado de presunçoso ou dar uma falsa ideia de supremacia intelectual que não possuo - falsa porque só conheço a realidade concreta através da descrição de alguns amigos que a vivem por dentro quase todos os dias - aconselharia os meus amigos  'negacionistas' a informarem-se sobre 'o dia de cada vez' de um doente grave COVID internado em UCI.

Alguns que sobreviveram  não contam nada de bom e os médicos e enfermeiros que deles cuidaram também não...

5. Por último: "a pandemia é uma narrativa" - que visaria desconstruir tudo o que foi conquistado ao longo dos tempos em termos de direitos laborais ou então, levar os grandes grupos ou senhores do mundo a, de uma forma diferente daquela que habitualmente estamos habituados a ouvir ao longo dos anos, darem cabo dos mais fracos  com vistas a uma nova ordem e uma divisão de interesses e de territórios em novos moldes e blá-blá-blá...

Ora bem...

Até pode ser que a pandemia possa conduzir a esse desiderato - em muitos casos isso já está a acontecer algures em alguma parte do globo - mas no entanto, ela existe mesmo, é grave e pode de facto matar-nos ou àqueles que mais amamos - de forma directa ou por efeito induzido mas pode!

Cuidem-se!

 

 

 

publicado às 14:35

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