ALFENA - "PORCOS & CHOURIÇOS, SA"
"Só dá um chouriço se receber um porco" é uma frase muito conhecida que costumamos utilizar para classificar aquele tipo de pessoas - e como há tantas por aí à nossa volta - que "não dão nada de mão beijada".
Vem isto a propósito de alguns "benfeitores" da nossa terra que enchem páginas de jornais ou gastam quilos de papel transformados em informação panfletária para se auto-exaltarem fazendo questão de ciclicamente - normalmente por altura dos actos eleitorais - nos recordarem os "feitos altruístas" praticados em favor da comunidade...
Vou recordar (apenas) dois dos mais paradigmáticos:
1. Hospital Privado de Alfena (Grupo Trofa): Toda a gente se recordará de ver o Dr. Arnaldo Soares e companheiros dos "Unidos" de "bandeira em punho" gritando aos quatro ventos "fomos nós!"
E foram! - A dar todas as condições (e mais algumas) em nome do povo de Alfena, incluindo a atribuição do "interesse público" ao empreendimento, a fim de agilizar procedimentos e permitir uma excepção ao PDM que tornasse possível a construção de mais um piso!
Tudo facilidades! E já nem falo das dúvidas acerca da localização do empreendimento, que alguns especialistas começam a levantar, isto é, se não se estará a edificar em "leito de cheia"!
Até aqui, os "Unidos" e a própria Câmara que sempre esteve envolvida neste dúbio processo, têm-se limitado a "dar o porco" que não é deles mas sim do Povo (e do Erário Público) ao Grupo Trofa Saúde.
O "chouriço" que iremos ter de volta, serão alguns empregos para pessoas da terra - porque a esmagadora maioria, especializada e altamente qualificada, essa virá de fora ou quando muito, dormirá cá uns dias por semana, quando não puder deslocar-se para as respectivas residências em Municípios vizinhos.
Ainda parte do "chouriço", será o reforço da oferta em termos de cuidados de saúde. Mas para quem?
Alguém sabe como vai funcionar o novo Hospital em termos de custo dos serviços a prestar?
Para além daqueles que possam efectivamente pagar os preços que vão ser praticados, restará algum benefício para beneficiários de alguns subsistemas como ADSE e outros, mas que não são de forma alguma a parte significativa dos Alfenenses.
Em suma, o novo Hospital vem de facto para ganhar MUITO DINHEIRO, fundamentalmente com doentes vindos de fora, trazendo de fora também o grosso dos seus colaboradores, mas beneficiará em pleno da "insígnia" de Instituição de interesse público concedida pelos nossos insignes Autarcas.
Deveríamos recusar o investimento? Claro que não! Mas daí a que os membros do "Comité Central" dos Unidos quase que pretendam a sua "auto canonização", quando o que fizeram - e foi muito pouco, para além do papel de "angariadores de terrenos" que souberam desempenhar na perfeição - vai ainda uma certa distância!
2. Empreendimento da Quinta do Bandeirinha: Mais uma vez o "Comité Central" dos Unidos, começou a negociar (angariar) os terrenos como "força avançada" da empresa de construção civil e obras públicas Eusébios & filhos, SA. Sempre com base nas limitações do PDM em vigor e a partir de um projecto de loteamento que havia sido apresentado pelos herdeiros da Quinta - do qual obviamente tomaram conhecimento através de "fontes bem informadas" na Câmara - foram tentando fazer passar a ideia de que a Junta e a Câmara tinham para aquele local um projecto que visaria um grande empreendimento de interesse público, que incluiria uma nova Unidade de Saúde e uma nova sede para a Junta de Freguesia. Acresce que desde logo, sabendo que os herdeiros tinham a intenção - enquadrada no tal projecto de loteamento apresentado na Câmara - a intenção de separar um dos lotes para negociarem com o promotor do espaço comercial Mini Preço, condicionaram a eventual aprovação do respectivo licenciamento no caso de não haver acordo de cedência, á dádiva da Casa da Quinta (para a Sede da Junta) e de um lote de terreno (para a Unidade de Saúde).
Depois de muitas pressões - eu disse pressões - e ameaças veladas, conseguiram finalmente fazer com que os herdeiros aceitassem negociar com o empreiteiro em causa as condições já apalavradas. Exigiram apenas os herdeiros, que em troca das ofertas a título gratuíto atrás mencionadas, fosse construído um pequeno monumento de tributo ao antigo dono, o que foi aceite.
Até aqui, os herdeiros estiveram apenas a "oferecer o porco" (à empresa Eusébios e talvez não só...). Mais tarde iriam receber o "chouriço...
Só que, surpresa das surpresas num passe de mágica magistralmente executado pelos "artistas" ao serviço dos "independentes", sai nos jornais a "notícia enternecedora" de que afinal as tais ofertas acordadas com os herdeiros, eram "ofertas" do Grupo Eusébios, como contrapartida para que lhes fosse concedida uma excepção ao PDM, no sentido de um aumento da "capacidade construtiva" para (se não falho) 10%.
Só por aqui, já se adivinha a dimensão do acto de espoliação feito aos herdeiros.
Mas a espoliação ganha ainda outra dimensão se falarmos numa via interior que a Câmara se responsabilizava por construir - coisa que não acontecia se o loteamento fosse feito pelos herdeiros.
Em conclusão: Quem "deu de facto o porco" e oferecido este, quem beneficiaria com a divisão do mesmo?
É claro que os herdeiros só poderiam recusar-se a comparecer na respectiva Escritura de venda - até porque a acrescer a tudo isso, parece que que a empresa entrou em falta de pagamento de uma segunda "tranche" respeitante ao "sinal"!
Não foi esta a história que os membros do "comité central" dos Unidos nos contaram, pois não?