A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E OS 'afectos' DO COLÉGIO MILITAR...
A polémica em torno dos 'afectos' não permitidos no Colégio Militar virou assunto do dia e parece não ter fim.
O Chefe do Estado Maior do Exército apresentou a sua demissão (porque não gostou de ser questionado pelo Ministro da Defesa ou apenas por dever de responsabilidade?) o Presidente da República aceitou o pedido de demissão 'com demasiada rapidez' (segundo os militares) e está tudo em polvorosa por causa de alguns conceitos básicos que a nossa Instituição castrense ainda não interiorizou.
Vejamos:
As sociedades civilizadas evoluíram e existem sentimentos que (já) não têm de ser escondidos - nem mesmo no seio das Forças Armadas.
Nos Países democráticos - em Portugal também - os militares dependem do Poder civil democraticamente eleito.
Finalmente - e não necessariamente por esta ordem - os militares devem procurar desempenhar da melhor forma que saibam e consigam, as missões que o Povo espera deles, sendo que nem sempre se saem bem quando exageram na busca de protagonismo mediático junto do 'quarto poder'.
Foi claramente o que sucedeu com o o subdirector do Colégio militar, como considerou o presidente da AOFA (Associação dos Oficiais das Forças Armadas)
Como bem diz o Povo, "não vá o sapateiro além da chinela" e o tenente-coronel António Grilo foi claramente além da mesma.
Mas já agora, não acredito que o CEME, o general Carlos Jerónimo, tivesse apresentado o seu pedido de demissão apenas para imitar Egas Moniz.
A homofobia intrínseca no seio das instituições castrenses é transversal à maioria dos Países e não é um exclusivo português, sobretudo no que toca à (ainda) maioria masculina dos seus elementos. Ainda que sob aquela capa de durões para 'consumo público' se esconda tantas e tantas vezes muita ternura e inúmeros 'afectos'...
De qualquer forma, é verdadeiramente irracional - ainda que por absurdo admitíssemos como 'condicionante' a tendência sexual dos alunos do Colégio Militar - interpretar naquele escalão etário essa aparente 'tendência' como um dado adquirido, sabendo-se que eles, como se calhar uma grande maioria de miúdos da mesma idade, vivem apenas uma fase de dúvidas nessa matéria.
Os 'afectos' são portanto - ali e em tantos outros sítios onde existam miúdos - apenas isso: manifestações de afecto!