ALFENA DO NOSSO DESCONTENTAMENTO - RELEMBRANDO MATEUS 4:9 (*)
Agora que o inevitável recurso para a Relação referente à minha condenação em primeira instância por ofender José Manuel Ribeiro e a Câmara de Valongo foi concluído e seguiu o seu caminho, já posso discorrer um pouco sobre as razões que terão motivado a mesma...
1. José Manuel Ribeiro não favoreceu a corrupção em tono dos terrenos referentes à UOPG 06 em Alfena (Novimovest/Santander/Jerónimo Martins). Isso ficou claramente demonstrado no julgamento.
Por isso fui condenado;
2. Através da aprovação da última revisão do PDM - aquela em que José Manuel Ribeiro me quis impor disciplina de voto - a Novimovest/Santander não consolidou qualquer mais-valia, isto é, os terrenos comprados por Jaime Resende em 2007 por 4 milhões de euros, devem valer agora, somando todas as parcelas (Chronopost, Jerónimo Martins e a parte que sobra) os mesmos 4 milhões - talvez ligeiramente mais, com a chamada 'correcção monetária' como dizem os brasileiros.
Por isso fui condenado;
3. As gigantescas movimentações de terrenos e o arrazamento de ribeiros e linhas de água nunca ocorreram antes da aprovação da revisão do PDM. Até 2014 quem por ali passasse continuaria a ver "o alto da Serra de Vale de Porcos ou do Sobreiro Ventoso, a elevação existente entre os vales da Fonte da Prata e de Porcos, a sul da actual A41, no ponto onde se tocam as três freguesias, Alfena, Sobrado e Água Longa e até o penedo citado no Tombo" lá estariam ainda nessa altura da aprovação do dito PDM, mas eu atrevi-me a duvidar de que assim fosse e até escrevi sobre isso.
Por isso fui condenado;
4. Li algures - a imprensa deu vasta nota disso - e ingénuo acreditei que fosse verdade atrevendo-me até a escrever sobre o assunto, que parte destes terrenos terão sido alvo da especulação imobiliária. Deve ter sido mais uma das muitas inventonas da imprensa à volta de um fantasma sem rosto chamado corrupção.
Por isso fui condenado;
5. Até 2014, quem quisesse podia descer como sempre para o “Sobreiro Ventoso” junto ao Ribeiro de Junceda, nas imediações do Nó de Transleça da A41, local onde, até às obras de construção da auto-estrada existia um marco do Colégio do Carmo".
É público que assim era e tudo estava virgem e impoluto como Deus quis e o homem aceitou manter.
Por isso fui condenado;
6. A atribuição de capacidade construtiva aos terrenos abrangidos pela UOPG 06 foi feita apenas em 2014 para garantir o investimento da Jerónimo Martins e a correspondente criação de postos de trabalho. O facto da parte que sobra ser a maior e também ela ter a mesma capacidade construtiva é apenas e só um pequeno dano colateral - dano para o erário público evidentemente - não tendo nem a Novimovest nem a Câmara qualquer culpa em que isso tenha acontecido.
Por isso fui condenado;
Porém...
Até ao trânsito em julgado ninguém está efectivamente condenado - em Portugal (ainda) é assim. Por isso é que neste último mês temos andado (eu e o meu advogado) numa autêntica roda viva de tarefas várias para preparar o recurso.
A partir de agora porém, já me ficará algum tempo disponível para colaborar no deprimente balanço das promessas não cumpridas naquele interessante projecto de 2013 que prometia 'Mudar Valongo' e que eu apoiei até ao momento em que deixei de acreditar na mistificação que lhe estava subjacente e que urge ser feito, para ajudar a evitar novo embuste no próximo acto eleitoral.
De facto Valongo não mudou quase nada e até o 'quase nada' foi quase sempre para pior.
Continua portanto a fazer inteiro sentido trabalhar num projecto de mudança para 2017 mas mudar de facto, de preferência com 'contrato assinado e registado no notário' e penalizações associadas para quem ouse vender uma vez mais ao Povo de Valongo 'gato por lebre'. Basta de nos resignarmos a este triste balanço de quase nada e mesmo no quase nada, quase tudo mal. Basta de aceitarmos como uma inevitabilidade o continuarmos a ser este vergonhoso subúrbio às portas da Grande Cidade...
(*) E propôs a Jesus: “Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares..."